Se estivéssemos ainda naquela brincadeira de opiniões impopulares sobre futebol que rolou nas redes sociais no começo do ano, a afirmação de Javier Tebas, CEO da LaLiga, de que não gostaria de ver Neymar de volta ao Barcelona, provavelmente poderia ser colocada como uma das cinco da lista.
O ponto é que a justificativa dada pelo dirigente para explicar a “recusa” a Neymar é um ótimo aviso do está motivando o PSG nesse início de nova temporada: “Neymar é um grande jogador, mas, se não dá exemplo fora de campo, prefiro que não volte à LaLiga”, afirmou o mandatário da liga espanhola de futebol.
Ao apresentar a All como nova patrocinadora pelos próximos três anos e também ao renovar o patrocínio com a Nike por um valor astronômico, o PSG alcançou um novo patamar. O clube francês não precisa mais do jogador-celebridade. Como disse em entrevista Patrick Mendes, CEO da Accor, o PSG tem hoje uma base de 450 milhões de fãs, sendo que quase 80% deles não está no continente europeu.
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Se, há dois anos, quando decidiu fazer a mala para Paris, Neymar representava o que tinha de mais interessante para o PSG, agora a situação é bem diferente. O atacante-celebridade ajudou demais na construção da imagem global do clube. Com Neymar, ganhou-se a China e a América do Sul, justificou-se a mudança de patamar do PSG e viu-se a receita comercial do clube disparar em pouco tempo.
Agora, para atingir a velocidade de cruzeiro e o céu de brigadeiro, o PSG não pode mais ter as celebridades, e sim os melhores jogadores de futebol. É, basicamente, deixar de ser um clube da moda para ser o time a ser batido dentro de campo.
Em 2019, a equipe francesa completa 50 anos de vida. É um clube novo, dentro da realidade dos europeus. Por isso mesmo, os qataris, quando se tornaram donos do time, puderam arriscar bastante e mudar radicalmente a forma de comunicação do clube.
Agora, assim como a LaLiga está num outro patamar de marca, em que a performance esportiva é mais importante que o noticiário em torno da celebridade dos seus jogadores, o PSG também precisa entrar nesse novo caminho.
O recado de Tebas para o mercado é muito claro. E ele é, da mesma forma, utilizado pelo PSG para cobrar de seus jogadores menos alcance nas mídias sociais e mais resultado dentro de campo. O esporte precisa de marketing, é claro. Mas, depois de um certo patamar que se atinge, o melhor marketing que há é o desempenho esportivo.