É impressionante notar como os patrocinadores da seleção brasileira, salvo raras exceções, parecem não entender o que há de mais precioso na relação de um patrocínio esportivo, que é a conexão do torcedor com sua paixão.
Foram necessárias 72h da eliminação do Brasil na Copa para que Itaú e Brahma se mexessem e criassem uma propaganda que falasse diretamente com o torcedor. O mais curioso é que ambas as empresas seguiram uma linha similar ao que elas próprias já haviam adotado nas redes sociais minutos após a Bélgica despachar o Brasil.
Ou seja, a publicidade precisou adotar o discurso montado pela comunicação, porque no País das Maravilhas dos criativos publicitários, não havia chance de o Brasil ser eliminado. E, por isso mesmo, é melhor nem falar nada após uma derrota.
Essa situação só reforça algo que falamos antes de o Mundial começar.
O patrocinador da seleção brasileira tem tido um comportamento oportunista quando trabalha seu vínculo com o time.
A cada quatro anos aparece uma propaganda linda, que retrata um sentimento ufanista completamente desvinculado da realidade e que tenta, por meio de um discurso de pátria de chuteiras, renovar uma esperança de que o hexa é logo ali.
Isso é a destruição daquilo que mais tem valor para um torcedor, que é a relação dele com aquilo que ele é apaixonado. O torcedor da seleção brasileira saiu desta Copa com um gosto de “quero mais”, de que o time lutou e tentou chegar, de que o Brasil é o único gigante do futebol.
E a publicidade? Demorou 72h para perceber que isso aconteceu? Não era possível imaginar que um cenário tal qual o 7 a 1 era muito improvável, quase impossível de ocorrer? Não sabia ver que, muito possivelmente, pelo histórico desse período com o técnico Tite, a equipe mostraria um espírito de jogo coletivo e teria a mídia a seu favor pelo comportamento que o treinador tem no dia a dia de trabalho com os jornalistas? Era tão difícil assim montar uma campanha dizendo que o único pentacampeão do mundo continuava a manter seu status, apesar de não ter conquistado a taça este ano? Desde a eliminação da Alemanha, pelo menos, esse discurso já poderia ter sido adotado.
O mais engraçado é ver que, nas redes sociais, um meio em que a empresa é muito mais ativa para defender seus interesses (e não o de suas agências), as marcas estavam preparadas para reagir à eliminação do Brasil. A publicidade, mais uma vez, mostra total despreparo ao tratar de esporte. Uma pena. Todos perdem com isso.