Análise: Quando o esporte insiste em jogar contra

A onda do politicamente correto é uma das vantagens do esporte moderno. Com uma série de interesses comerciais, a exibição de preconceitos que assolam a sociedade é altamente evitada. Ainda assim, diversos agentes desse segmento refletem o seu próprio meio social. E é aí que o esporte joga contra.

Nos últimos dias, vimos alguns exemplos claros desse despreparo e como eles são espelhados por torcedores, em cenas que insistem em tornar pesadelo a realidade.

Na Itália, o treinador Arrigo Sacchi cometeu a infâmia de relacionar a crise do futebol do país ao excesso de estrangeiros nos times de base: “Em nossas equipes, há demasiados negros”. Para piorar a situação, o técnico do Real Madrid, Carlos Ancelotti, comentou a declaração com a frase “Muitos inimigos, muita honra”. A sentença é um dos símbolos de Mussolini no regime fascista italiano.

Não por acaso, torcedores do Chelsea se sentiram a vontade para expulsar um cidadão negro do metrô de Paris. “Somos racistas e é desde desse jeito que gostamos”, cantavam em glorificação á ignorância.

Não deveria ser esse o papel do esporte. Como bem sabem as empresas patrocinadoras, essa é uma poderosa ferramenta de comunicação. Por isso, sua voz tem impacto, para o bem ou para o mal.

Na Espanha, uma ONG tomou a iniciativa para fazer o contrário. Já com apoio de alguns clubes e jogadores, a entidade propôs uma rodada contra a homofobia, que consiste, basicamente, em usar cadarço de arco-íris na chuteira. Simples, mas no esporte o discurso é sempre intenso.  

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