A APO (Autoridade Pública Olímpica) atualizou os gastos com os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Os custos agora chegam a R$ 37,7 bilhões. A um ano e meio do início do evento, isso já representa mais do que a Inglaterra gastou com a Olimpíada de Londres, em 2012 (R$ 36,9 bilhões) ou o próprio Brasil despendeu com a Copa do Mundo-2014, que teve 12 cidades-sede (R$ 33 bilhões).
É inegável que, quanto mais frágil for o orçamento estatal ou desfavorável a conjuntura econômica, maior o impacto de um megaevento nas contas públicas. O Syriza, vencedor das últimas eleições na Grécia, terá como maior desafio a recuperação econômica do país, cujas finanças foram abaladas pela organização da Olimpíada de Atenas-2004.
Mas o megaevento do COI (Comitê Olímpico Internacional) atingiu novo patamar com o esbanjamento que foram os Jogos de Verão de Pequim-2008 (US$ 43 bilhões) e os Jogos de Inverno de Sochi-2014 (US$ 50 bilhões). Quem esteve na China ou na Rússia reconhece que foram os eventos mais fantásticos da história do comitê.
Isso teve um custo altíssimo. E não foi só monetário. Preocupados com o nível de gastos que o evento havia atingido, países de economia consolidada e que prezam a responsabilidade fiscal como Alemanha, Noruega, Suécia e Suíça, abriram mão de suas candidaturas aos Jogos de Inverno de 2022.
Foi necessário um mea-culpa do COI, que lançou um pacote de reformas tentando diminuir o gigantismo da Olimpíada. Entre as propostas, está a possibilidade de duas cidades, até de países diferentes, dividirem a sede da competição. O documento serviu para atrair novamente economias fortes, como Estados Unidos, França e Alemanha, para a disputa pelos Jogos de 2024.
Divisão de despesas entre dois países, limitação do programa olímpico e maior uso de instalações provisórias. Boas ideias para limitar a ostentação e a irresponsabilidade de alguns governos. Só nos resta esperar que essa guinada do COI não tenha chegado com muito atraso para 2016.