Análise: Rosenberg ressalta a importância das Relações Públicas

Salvo algum grande drama de bastidores ainda não revelado, o Corinthians acabou de perder o diretor de marketing porque ele tem o péssimo hábito de falar sem qualquer tipo de filtro. E isso se tornou um enorme problema para a concretização de seus avanços e para a própria imagem do clube.

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Luís Paulo Rosenberg é um dos nomes que mais chacoalhou o futebol na última década. Com ele, a marca do Corinthians foi completamente transformada e, entre erros e acertos, todo o mercado foi modificado com seu modo agressivo de negociação. O esporte ganhou muito dinheiro no período, e muito se deve a ele.

Esta segunda passagem foi menos impactante por toda a evolução que o esporte teve, mas não significa que tenha sido ruim. De volta com o executivo que tem sido seu braço direito no futebol, Caio Campos, Rosenberg criou soluções para vender espaços na arena, adaptou o time a uma nova realidade de mercado para fechar um patrocínio máster, recolocou a marca do clube em uma grande campanha e, com a parceria com a IBM, finalmente reformulou o programa Fiel Torcedor.

A grande diferença entre a primeira e a segunda passagem foi o momento vivido pelo futebol. E, aí, o discurso constantemente torto de Rosenberg não ecoou bem. Na virada da década, o executivo já falava todas as suas bobagens, mas reinava sozinho no futebol. Hoje, há um grau diferente de desenvolvimento. A comparação entre BMG e Crefisa é um bom exemplo de fala totalmente fora de tom. Não há cabimento nas provocações, que só geraram uma pequena crise com os valores envolvidos. O ápice, claro, foi a declaração de mulher com Aids, um violento baque na imagem que o Corinthians tem tentado construir nos últimos anos.

Rosenberg não resistiu após falar muito em nova passagem pelo Corinthians / © Divulgação

No fim, Rosenberg deu, involuntariamente, mais um puxão no profissionalismo de gestão no futebol; ele iluminou as relações públicas. Não tem como as entidades esportivas não tratarem a questão com maior seriedade, com alinhamento de discurso aos valores de imagem almejados pelo clube. Algo que muitos falham, como mostrou recentemente o presidente do Fluminense, Pedro Abad, ao usar o termo “guerra” para se referir à presença da própria torcida. São erros simples, mas imperdoáveis.

O futebol no Brasil luta para ser mais bem valorizado no mercado. O caminho para isso vai além do profissionalismo; ele passa por expor reais mudanças de gestão ao seus stakeholders. Não há mais espaço para palhaçada frente às câmeras.

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