Análise: Saída de Campos Pinto representa novo modelo de gestão na Globo

Em 2010 houve a possibilidade de que os direitos de TV do Campeonato Brasileiro saíssem das mãos da Globo e migrassem para a Barra Funda, sede da Record. A emissora paulista parecia entrar de sola na disputa pelas transmissões esportivas. Já havia tirado da tela da concorrente os Jogos Olímpicos de Londres-2012 e garantido a exclusividade dos Jogos Pan-Americanos na TV aberta.

No início de 2011, o choque de realidade. Diante da possibilidade de perder um de seus carros-chefes, o braço esportivo da Globo, dirigido por Marcelo Campos Pinto, minou o Clube dos 13. Centralizador e próximo dos cartolas, o executivo estabeleceu novo modelo para a negociação dos direitos de TV. A emissora do Jardim Botânico passou a tratar com cada clube os valores a serem pagos.

A vitória da Globo estabeleceu a desigualdade na distribuição das cotas de TV, o que atrapalharia o equilíbrio da competição. Sistema que até a Espanha, principal país que o segue, estuda abandonar.

A saída de Campos Pinto do comando do esporte da Globo mostra uma nova era dentro da emissora, que se seguiu à crise de imagem da Fifa e à derrocada de alguns dos principais dirigentes que comandavam o futebol no mundo. Pelo novo organograma anunciado pela emissora, o poder será mais fatiado. A iniciativa sinaliza que as relações entre TV e futebol no Brasil serão mais profissionais e menos personalistas.

Independentemente desse novo modelo de gestão, hoje não parece haver chance de os principais eventos esportivos deixarem a Globo. Resta saber como o complexo sistema de comando do futebol brasileiro irá reagir a isso.

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