A decisão de dar o cargo estratégico de treinador da equipe em 2017 para Rogério Ceni implica alguns riscos para o São Paulo. Sem dúvida é uma maneira fácil de a diretoria jogar com a arquibancada e aproveitar a popularidade de um grande ídolo para aplacar a fúria de uma torcida acostumada a grandes conquistas, mas que viveu um ano de decepções.
Afinal, relembremos, o São Paulo fez uma temporada para se esquecer, colecionando vexames. A inesperada derrota no Pacaembu para o The Strongest, da Bolívia, pôs em xeque a classificação na fase de grupos da Libertadores ainda na primeira rodada do torneio. A goleada de 4 a 1 para o Audax eliminou o time do Paulistão em pleno Morumbi.
O revés, também em casa, para o Juventude, time da Série C do Brasileiro, por 2 a 1, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, foi o primeiro passo para a queda precoce na competição. Único tricampeão brasileiro na fase de pontos corridos, o São Paulo viu o risco do rebaixamento ser real até algumas rodadas atrás.
Contra tudo isso, a solução fácil é escalar um ídolo sempre presente em campo para sentar-se no banco. Mas será que Rogério está preparado para assumir o cargo? Não basta uma carreira longeva e nem viagens para a Europa para que essa preparação seja efetiva. É preciso um pouco mais de experiência. Ídolos em campo nem sempre se tornam treinadores novatos bem-sucedidos fora dele.
E, caso os resultados não vierem, a diretoria corre o risco de se tornar refém do ídolo. Afinal, que dirigente são-paulino teria a coragem de demitir Rogério Ceni? O goleiro dos cem gols pode garantir respaldo imediato com os torcedores, mas é aposta das mais arriscadas.