Você patrocinaria a seleção brasileira de futebol? A resposta para essa pergunta deveria ser simples, graças ao enorme prestígio somado ao time nacional ao longo das últimas décadas. Mas, certamente, muitos dos profissionais do mercado brasileiro hesitarão. E alguns cravarão o indesejado “não”.
E não é mesmo uma questão simples; ela deverá variar muito conforme o objetivo da marca envolvida. A seleção brasileira convive com a desconfiança do público brasileiro desde o 7 a 1, mas esse é último dos problemas. Se a seleção venceu tudo o que podia nos últimos 20 anos, também esteve envolvida nas mais diversas pilantragens do mundo do esporte. Presidentes presos, afastados, que viveram escondidos, deixaram na confederação um terreno extremamente desagradável para associar marcas.
Houve apresentação recente de patrocínio à CBF em que o então presidente Marco Polo Del Nero saiu após alguns minutos, sem falar com a imprensa, pelas portas do fundo. Uma situação completamente inadmissível para empresas sérias.
Ainda assim, a seleção brasileira sobrevive no mercado. Parte, claro, ao competente trabalho feito por profissionais do marketing da entidade. Mas outra parte porque o time é forte no imaginário e no gosto popular. Como as audiências das partidas na Globo podem provar.
E, como mostra a TCL, esses problemas estão num mundo à parte quando se considera o apelo global do time. Para além das fronteiras nacionais, poucos veem o ex-presidente encarcerado, mas sim o talento de Neymar, Coutinho e Cia. Atletas ainda mais valorizados no estrangeiro.
Uma mostra desse poder pôde ser vista de uma forma curiosa recentemente. Quem assistiu à série espanhola “La Casa de Papel”, sucesso no Netflix, viu quem é usado como time a ser batido no futebol: a seleção brasileira é citada como a equipe poderosa para qual os torcedores do resto do mundo torcem contra na Copa do Mundo.
Ainda assim, é surpreendente ver a chegada da TCL na seleção brasileira, com esse status. Nos últimos anos, a CBF se acostumou a ver a saída de marcas globais, cansadas de escândalos na entidade. Gillette, Volkswagen, Chevrolet e Michelin foram multinacionais que deixaram o time na última década, além da Samsung, líder entre os eletrônicos e concorrente direta da chinesa TCL, a nova patrocinadora.
No fim das contas, o peso que permanece na seleção brasileira deixa uma angústia no ar: o time nacional poderia ser muito maior se fosse bem administrado.