Análise: Sem laboratório, Brasil perde mais um legado

As sextas-feiras têm sido dias de notícias bombásticas para os organizadores dos Jogos do Rio 2016. No último dia 17, o governo estadual decretou estado de calamidade pública devido à “grave crise financeira”.

Uma semana depois, a 42 dias do início do megaevento, a Wada (Agência Mundial Antidoping) suspendeu o credenciamento do LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem) por não estar em conformidade com as normas internacionais. Com isso, o Brasil perdeu a capacidade de analisar as amostras colhidas na Olimpíada.

O laboratório seria um dos grandes legados dos Jogos. Afinal, o governo federal investiu R$ 188 milhões na construção de uma nova estrutura para o antigo Ladetec e na compra de equipamentos.

Após Olimpíada e Paralimpíada, o Brasil teria um local capaz de realizar testes para os torneios nacionais, além de receber amostras de países vizinhos, já que, na América do Sul, apenas a Colômbia também possui laboratório com chancela oficial.

A suspensão do credenciamento é outro tapa na cara da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), órgão do governo federal, que em março comprou briga com os STJDs (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) de todas as modalidades ao criar o TJD-AD (Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem), centralizando o julgamento de doping no Brasil. A criação da nova corte era uma exigência da Wada.

Com a punição, o Brasil caminha para ser o primeiro país-sede dos Jogos Olímpicos sem laboratório oficial desde a criação da Wada. Mais um legado se vai. O que vai sobrar?

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