Análise: Semana mostra que streaming ainda engatinha

Nos últimos anos, a entrada de empresas no streaming esportivo tem balançado o mercado. As novas emissoras e as novas formas de transmissão colocaram finalmente o segmento no mundo da cauda longa, e o futuro da mídia no esporte tem sido questionado. Mas, se existe apreensão por um novo cenário, a semana deixou algo claro: a tecnologia ainda é tímida.

Dois fatores chamaram a atenção no período. O primeiro foi o número de torcedores que acompanharam a semifinal da Copa do Mundo de Clubes, entre Flamengo e Al Hilal, da Arábia Saudita, pelo Globoesporte.com. Foram quase 2 milhões de pessoas na transmissão on-line, um número bastante significativo para o meio. Mas os dados também mostraram a falta de familiaridade do público com o streaming.

Para chegar a essa conclusão, basta lembrar que 2 milhões representam apenas 1% da população brasileira. Somente na região metropolitana do Rio de Janeiro, pelos dados iniciais do Ibope, a televisão teve audiência de 4 milhões de pessoas. Com a partida no horário da tarde, de trabalho, o natural seria que o streaming da Globo abraçasse um público ainda maior.

A notícia dá sequência ao que a ferramenta DAZN anunciou no dia anterior. A plataforma da Perform divulgou uma nova precificação para o mercado brasileiro. Em menos de um ano de atuação no Brasil, a companhia derrubou a assinatura pela metade para acelerar o crescimento.

A precificação dos serviços de streaming, de fato, parecia fora do lugar. A soma das assinaturas on-line de DAZN, ESPN, Premiere e Esporte Interativo passava de R$ 180 mensais, valor que as aproxima das plataformas de TVs a cabo, sem oferecer toda a variedade desses serviços. A considerar a oferta de produtos de pouco interesse popular, como ligas americanas e até mesmo disputa de pesca, a atratividade é pequena.

A decisão do DAZN mostra que as empresas ainda testam a receptividade do mercado e nem sempre têm a resposta almejada. E o público disposto a pagar pelo serviço ainda é limitado, mesmo com a força que a empresa teve neste ano ao contar com Corinthians, Atlético-MG, Botafogo e Fluminense com exclusividade na Sul-Americana.

É difícil alguém questionar se, de fato, o streaming mudará o consumo no esporte. Mas essa mudança é lenta e gradual. Primeiro, o público precisa de uma maior familiaridade com a tecnologia, que também precisa ser apresentada de modo mais confiável. O impacto real, portanto, será sentido ao longo dos próximos anos.

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