Ok, o título da coluna é um pouco sensacionalista. Mas sabe como é, né? Precisa caber dentro de um espaço limitado de caracteres e chamar a atenção de quem está passando a vista por aqui e precisa ser impactado.
Na realidade, poderia também usar algo mais polido, como “Um outro olhar sobre o acordo Senna-Timão”, mas aí você possivelmente nem daria bola para isso. Então é melhor parar e tentar entender o que esse louco pretende defender por aqui.
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O acordo firmado entre o Instituto Ayrton Senna e o Corinthians para a criação da maravilhosa camisa que os jogadores do Timão usarão no final desta temporada é ótimo. Mas, ao colocá-lo numa balança, percebe-se claramente que um lado se beneficia mais dessa negociação do que o outro. Senna é um ídolo inconteste de quem está com 33 anos para cima. Não tem como você ter essa idade e não sentir o mínimo de saudades ao lembrar-se do que ele causou em nosso cotidiano durante uma década.
Acordar cedo nas manhãs de domingo. Achar legal ter um carro ostentando a marca de cigarros na propaganda. O boné do banco Nacional. Os duelos épicos com Piquet, Mansell, Prost. O jogo de equipes que a gente achava correto com o Berger…
Acima de tudo, Senna era o Ayrton Senna do Brasil, eternizado na voz de Galvão Bueno. Não era do Corinthians, mesmo que nós soubéssemos que ele curtia o Timão. Senna era maior que o futebol. Não pertencia a um ou outro clube.
Por isso, quando o Corinthians lança a camisa em homenagem a ele, dá aquela sensação de que o clube se beneficiará muito mais desse acordo do que o próprio Instituto Ayrton Senna (IAS). Afinal, o produto será, exclusivamente, do corintiano.
O fã de Senna que não é torcedor do Timão muito provavelmente até pensará em presentear um torcedor alvinegro, mas nunca vai se permitir vestir a camisa de seu ídolo por ter junto a marca de um time rival. Quando vivo, Senna conseguia expressar seu corintianismo sem, com isso, ferir outros torcedores. Por isso mesmo, uma ação que envolva a imagem do eterno ídolo do brasileiro deveria levar isso em consideração. De qualquer forma, no exterior, a perspectiva é de estrondoso sucesso de vendas e de promoção da própria marca do Corinthians na incursão além-mar.
A própria Nike poderia ser a parceira do IAS para levar um pouco mais adiante o legado do campeão. Mas, ao restringir a ação com o Corinthians, a marca Senna perde ótima oportunidade de manter intocado o status de Ayrton Senna do Brasil.