Análise: Siga o dinheiro da maratona

“Siga o dinheiro” é uma expressão americana que ficou famosa durante as investigações que levaram à renúncia do presidente Nixon. A máxima também explica o extraordinário crescimento do nível técnico da maratona nos últimos anos.

Há algum tempo, uma vitória em Berlim não renderia ao campeão muito mais do que a premiação da prova. Com o Circuito das Grandes Maratonas, estabelecido em 2006, isso mudou. É possível fazer uma estimativa de quanto o triunfo no domingo renderá para o bolso de Dennis Kimetto.

Pela vitória, o queniano receberá R$ 155 mil. Ele ganhará mais R$ 155 mil pelo recorde mundial. Por ter sido o primeiro corredor a cumprir a distância em menos de 2h03min, levará mais R$ 92 mil. Mas a cereja do bolo será o triunfo no circuito internacional em 2013-2014. Caso Wilson Kipsang não vença a Maratona de Nova York, que fecha o calendário, Kimetto ficará com mais R$ 1,2 milhão de prêmio. Total: R$ 1,6 milhão.

Mas não para por aí. Não dá para calcular quanto o atleta ganhará de bônus da Adidas, seu patrocinador.

Nada mal para um corredor que se entusiasmou pelo atletismo graças à final dos 10.000 m da Olimpíada de Sydney-2000. Na ocasião, Haile Gebrselassie e o queniano Paul Tergat fizeram um duelo empolgante até a linha de chegada, com vitória do etíope.

“Minha casa não tinha rádio nem TV. Fui até o centro da cidade para ver a prova”, contou ele, natural da região de Eldoret (oeste do Quênia), local onde são garimpados a maioria dos corredores de distâncias longas do país.

Desde que o circuito das maratonas foi criado, nunca mais houve um recorde nos 10.000 m. Se quiser atrair a elite da rua, as provas de pista terão que ter armas semelhantes. Parece uma estratégia difícil para quem já participa de uma concorrência de 41 eventos de pista e campo disputados no estádio de atletismo. Enquanto isso não ocorre, os corredores seguirão o velho conselho. Siga o dinheiro. 

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