Análise: Streaming não pode criar inimigos

O principal desafio do streaming esportivo, neste primeiro momento, é tornar a experiência do torcedor minimamente aceitável. Atualmente, ao menos no Brasil, ela não é. Nesta semana, houve mais uma rodada da Liga dos Campeões e, segundo noticiou o portal UOL, foram diversos os problemas.

O público brasileiro sofreu para assistir ao jogo entre Tottenham e Barcelona no Facebook. A partida, com 140 mil visualizações, contou com diversos depoimentos nas redes sociais de travamentos, além de atrasos nas imagens para além de alguns minutos. Não foram poucas as mensagens de internautas saudosos da Liga dos Campeões na televisão aberta. Sobrou para o Esporte Interativo e para o próprio Facebook.

O problema é que o povo é sábio e sabe muito bem a importância da ‘primeira impressão’. Hoje, assistir a um evento esportivo na internet no Brasil é sofrível, seja no Facebook, no EI Plus ou no Premiere Play. E essa experiência ruim pode frear o desenvolvimento dessas novas ferramentas, mesmo se a melhora vier em curto prazo, algo que deve acontecer. Quando alguém perde um lance e pede a volta da Globo, todos no mercado têm um problema.

E os problemas não são aceitáveis. A principal justificativa costuma ser técnica: a internet no Brasil é lenta. Mas esse é um papo meio furado. Primeiro porque plataformas como Netflix e YouTube funcionam bem. Depois, mais importante, se essa é uma questão, os responsáveis tinham em mente que a estratégia afastaria boa parte do público do país. Não poderiam, então, reclamar da onda de críticas que tem ocorrido neste início de streaming.

Com a primeira impressão ruim, o streaming tem criado inimigos da tecnologia, e isso é terrível para os envolvidos. Se era para se afastar dos torcedores, seria melhor ficar longe dessa transmissão enquanto ela não se estabelece. É melhor do que criar uma barreira dos consumidores com marcas como o Facebook.

O streaming deveria surgir para mudar o modo como o torcedor se relaciona com o esporte. Ele poderia assistir em qualquer dispositivo, seja no celular ou na televisão de casa. Poderia também ter uma plataforma de interação, interligado às redes sociais e com possibilidades de novas imagens. Quando se fala em novas tecnologias no consumo do esporte, é isso o que se espera.

No entanto, hoje, assistir no streaming significa tela pequena e qualidade ruim. Assistir a partidas na década de 1980 era melhor; pelo menos não travava. Não faz nenhum sentido começar dessa maneira.

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