Análise: Streaming precisa de ajuste no Brasil

O mercado de transmissão esportiva por streaming cresce em uma velocidade impressionante. Quem acompanha a Máquina do Esporte sabe que o tema é tratado quase diariamente, graças às constantes movimentações de grandes empresas do ramo. Mas tamanha rapidez pode ser um problema.

Somente nesta semana, foram dois fatos relevantes. A ESPN deu um passo forte à popularização de seu streaming, com uma parceria com a Record. Agora, a IMG aparece no Brasil com sua plataforma própria. Ainda tem as outras emissoras, o Esporte Interativo, a Liga dos Campeões no Facebook. E parece evidente que, com a Perform na Libertadores, a chegada do DAZN no Brasil é uma questão de tempo.

Mas será que o mercado comportará tantos players com esse peso? Haverá demanda suficiente? Aparentemente, no mercado tradicional de televisão, já houve problema do tipo. A opção da Turner em acabar com o Esporte Interativo como canal fechado é um indício de que o público não era tão alto como o esperado. Com SporTV, Fox Sports e ESPN, o conteúdo é diluído, e tem faltado fôlego às emissoras.

Na prática, dificilmente um torcedor arcará com todos os serviços de streaming por um motivo simples: é caro. Nos Estados Unidos, mercado que tem puxado o segmento, existem mais de duas centenas de serviços do tipo, mas muitos deles são voltados a séries antigas ou filmes independentes. Se não é Netflix, Hulu ou HBO, as produções são mais baratas. Algo difícil de vingar no esporte.

Em teoria, uma agência que mantém os direitos globais de um torneio não precisa se preocupar em ter um público abrangente em todos os países, contanto que a conta feche. Mas, nesse caso, vale a pena uma liga esportiva negociar com uma emissora que deixará seu produto num limbo de visibilidade em mercados como o Brasil?

Não adianta achar que o torcedor que quer acompanhar a Premier League, a LaLiga e a Serie A irá pagar R$ 100 por três serviços de streaming diferentes. O mercado de televisão paga já deixou claro que não será assim que a roda irá girar.

Assista: Qual é a situação do streaming no Brasil?

A tendência para os próximos anos é acontecer algo que já existe nos Estados Unidos: a união de serviços de streaming em uma única plataforma. Hoje, o Hulu tem planos que incluem a ESPN e o Fox Sports, por exemplo. Com organização, há espaços para todos. A má notícia, para o consumidor, é que, no fim das contas, há pouca mudança em relação a uma televisão paga convencional.

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