O acordo entre Band e DAZN é mais um episódio na dura batalha que as plataformas de streaming vão precisar travar para ganhar mercado e se tornarem lucrativas no longo prazo. E o maior desafio para isso será as plataformas de OTT reduzirem o peso do “ao vivo” em sua oferta de conteúdo.
A maior diferença do modelo de sucesso do Netflix para o que acontece no esporte é que o grande fator de ruptura da plataforma de séries e filmes foi levar para o consumidor o poder de escolha do horário de consumo do conteúdo. Até então, estávamos engessados pelas grades de programação dos canais de TV por assinatura.
Com o esporte, porém, isso não acontece. O grande barato do esporte é exatamente o fato de que não há poder de escolha sobre o consumo. É o “ao vivo” que vale. Nós queremos consumir aquela competição no tempo real, independentemente do veículo que esteja transmitindo o evento.
E aí é que entra o grande ponto de discussão sobre o futuro do streaming. As TVs lineares já estão há anos investindo pesado na compra do evento esportivo exatamente por saber que é ele quem assegura maior base de assinantes e audiência.
Já o streaming precisa entrar nesse embate pelos direitos de transmissão e, ainda, se for o caso de uma plataforma nova, precisa convencer o assinante de que seu serviço vale a pena. Foi isso que deu ao DAZN força na Alemanha. A compra dos direitos da Champions League foi fundamental para assegurar a popularização da plataforma e o sucesso financeiro.
Só que, passados três anos desse movimento, as gigantes de mídia acordaram para a realidade de um torcedor que não quer ter o poder de escolha do horário de assistir a um jogo, mas sim o poder de assistir na plataforma que melhor lhe convier esse jogo.
E, aí, a disputa muda completamente de figura. As TVs não vivem apenas do streaming. Com isso, podem colocar qualquer precificação de sua plataforma e ainda ofertar bem mais conteúdo. A ESPN+ foi ao ar nos EUA a US$ 4,99, metade do valor cobrado pelo DAZN. Não tem como competir em preço e oferta de conteúdo.
Para realmente ter sucesso, o streaming esportivo precisará sair do ao vivo e migrar para uma plataforma completa de serviços ao consumidor. Produzir conteúdo, porém, dá muito mais trabalho e gasta muito mais dinheiro do que só fazer um jogo. Do contrário, as empresas de mídia apenas entrarão também com todo o seu conteúdo a um preço mais baixo para o fã, voltando a ter controle sobre o negócio.