O mercado americano é o melhor termômetro para as tendências nos negócios do esporte, pelo alto desenvolvimento do segmento e pela riqueza dos Estados Unidos. Melhor ainda se a referência for o grande evento esportivo realizado do país, o Super Bowl. Nesse caso, o jogo mostrou como anda o streaming.
E a notícia ainda não é muito animadora para os entusiastas da tecnologia. O Super Bowl deste ano foi assistido por 100 milhões de americanos. Desses, 98 milhões viram a partida pela televisão, e apenas 2 milhões ficaram na internet. Ou seja, no grande evento do esporte americano, apenas 2% escolheram o streaming.
Foi, é verdade, o Super Bowl mais assistido na internet da história. O dado, no entanto, só confirma que essa é uma modalidade em crescimento, sem nenhuma indicação de que o streaming lute por algo próximo do protagonismo dentro da preferência do torcedor comum.
Os números surgem após um ano trágico para as operadoras de televisão paga. Em 2018, 33 milhões de pessoas cancelaram o serviço nos Estados Unidos. Apesar de o Super Bowl estar na rede aberta, aqueles sem TV a cabo costumam migrar para o streaming, sem necessariamente ter uma antena digital para os canais comuns. Ainda assim, quem acompanhou o Super Bowl claramente preteriu a internet.
Os números indicam que, com uma transmissão idêntica, os torcedores não enxergam vantagem na transmissão pela internet. Atraso na imagem, possíveis falhas na conexão e maior dificuldade de transmissão na tela grande ainda formam uma barreira clara para a popularização do streaming.
Isso não significa que as transmissões pela internet terão um espaço menor do que o esperado, mas é difícil enxergar protagonismo do segmento no mercado esportivo. Pelo menos em curto prazo. Para os eventos altamente populares, o esporte ainda é um negócio certeiro para as emissoras de televisão. E assistir a uma partida em canal aberto parece ser ainda o meio preferido da grande maioria dos torcedores.
A situação mostra o streaming esportivo à margem da televisão, mas há duas categorias claras para o segmento triunfar neste momento. A primeira é o esporte que não teria qualquer espaço na televisão, com pouquíssimo espaço popular, mas que ganha mídia para um público de nicho. A segunda categoria está na exclusividade. O DAZN, por exemplo, pode ganhar espaço por ser o único caminho do torcedor brasileiro na Sul-Americana. Se tiver concorrência da TV, a plataforma certamente será derrotada.