Análise: Super Bowl sabe falar com todos

O Super Bowl não é somente um evento esportivo, e esse é um dos maiores méritos da NFL, a liga de futebol americano. Impressiona, nos Estados Unidos, o quanto a partida final do torneio atrai os públicos mais diversos, inclusive pessoas que têm pouco envolvimento com o esporte.

Uma das provas disso está na audiência. O pico no número de telespectadores está no show de intervalo, e não nos minutos finais. E os comerciais também representam uma fatia considerável da atenção dos torcedores, com os segundos mais valiosos da televisão e com vídeos de marcas que geram repercussão nos dias seguintes.

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Tornar o Super Bowl um evento para todos foi uma decisão fundamental para a NFL crescer tanto nas últimas décadas. Hoje, a liga é, com sobras, a mais popular dos Estados Unidos e tenta até ganhar público em novos mercados pelo mundo.

A estratégia passa pela própria NFL, em esclarecer o jogo aos mais leigos, até os patrocinadores, que promovem um enorme engajamento com o público por meio de ativações que vão além dos gramados.

Quando a Budweiser promove suas festas ou a Pepsi investe no show, as marcas formam meios de o futebol americano se abrir para todos os públicos. A ideia do entretenimento puro é sempre mais popular do que um jogo para fanáticos. E, não se deixe enganar, esporte é entretenimento.

Essa estratégia tão plural é a principal lição que a NFL deixa para o mercado esportivo, especialmente para o futebol brasileiro. É difícil e um pouco injusto fazer comparações com a curta e intensa temporada dos americanos, mas a ideia de ter uma conversa mais ampla com seus consumidores é sempre uma boa saída para que o esporte consiga juntar mais torcedores, patrocinadores e, claro, dinheiro.

Em 2018, o Datafolha levantou que 41% dos brasileiros não têm interesse pelo futebol. E essa indústria é incapaz de resgatar essa parcela; os clubes nacionais pregam para convertidos. As ações acontecem, por exemplo, nas redes sociais das equipes. Ou, pior ainda, nos programas de sócios-torcedores. É ótimo que hoje exista essa preocupação, mas ela não é suficiente para chamar novos consumidores para o mercado.

Essa seria uma responsabilidade importante de uma liga devidamente profissionalizada, algo que não existe no país. Ao contrário do que faz a NFL, órgãos como a CBF são especializados em jogar fora tradições e tornar eventos mais chochos. Um evento mais plural, como o Super Bowl, deveria ser o principal objetivo do esporte no Brasil.

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