Análise: Televisões, no Brasil, ditam a organização do futebol

A foto que você deve ter visto na página anterior é um ótimo retrato de como o futebol brasileiro se encontra. Ela foi tirada dentro de instalações da Globo, no Rio de Janeiro, e reúne boa parte da nata dos dirigentes do futebol brasileiro nos dias de hoje.

O encontro dos cartolas na Globo, no sábado, serviu, além de oportunidade turística para os dirigentes e seus familiares, para que o novo modelo de divisão do dinheiro da TV fosse exibido para todos que estivessem por ali.

A foto é o resumo de como o futebol no Brasil subverte qualquer lógica de modernização e aplicação básica de conceitos de gestão coletiva de direitos e melhoria do negócio aos clubes.

Já são 14 anos. Em 2003, a União Europeia apontou o modelo brasileiro de divisão de cotas de TV o mais igualitário do futebol, recomendando assim que todos os países tentassem nos imitar para evitar que se perdesse a competitividade por força da grana.

A Inglaterra foi quem mais aplicou as determinações da comissão feita para evitar o monopólio da compra de direitos de TV e, a princípio, impedir a negociação coletiva dos clubes.

Ao longo do estudo, a UE percebeu que, no caso do esporte, para evitar o abuso de poder econômico, é melhor os clubes se unirem para negociar.

Em uma década, o Brasil fez exatamente o oposto da Europa. Rasgou a negociação coletiva e partiu para o cada um por si. Agora, nossos cartolas foram informados pela Globo de que a divisão do dinheiro da TV passará a ser mais igualitária a partir de 2019.

Por aqui, preferimos terceirizar para as TVs a organização do futebol. E, o pior, é que a visão de produto da mídia pode ser a salvação da lavoura…

Desde 2003 o futebol europeu cresce e se transforma em colonizador mundial, com ligas mais fortes e endinheiradas. E o brasileiro?

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