Análise: Tempo é o bem mais precioso na cobertura olímpica

Todos os cerca de 10.500 atletas que participam do Rio 2016 ambicionam conquistar o ouro olímpico. Os cerca de 24 mil jornalistas credenciados para cobrir o evento também almejam por um bem muito precioso: o tempo.

Ao contrário da Copa do Mundo na qual os eventos são espalhados e a quantidade de jogos é relativamente pequena em relação ao número de jornalistas envolvidos, na Olimpíada muita coisa acontece ao mesmo tempo. Mesmo antes de a primeira bola ser chutada no torneio de futebol.

Não importa se sua empresa possui uma equipe enorme de enviados especiais ou se conta com só um ou dois profissionais no dia a dia. Todo jornalista olímpico tem muito pouco tempo. Para dormir, para fazer as refeições, para perdê-lo em um transporte público recém-inaugurado, confuso e com escassa informação. E para se planejar diante da absoluta falta de rigor que os brasileiros têm com horários.

Assim, uma coletiva inicialmente marcada para as 18h, em seguida é antecipada para as 14h e tem início 40 minutos depois. O evento de uma marca começa 50 minutos após o horário estabelecido porque –incrível!- o assessor de imprensa da empresa chegou atrasado a sua própria coletiva. O adiamento resulta na inviabilidade de chegar a tempo para a pauta seguinte. Uma entrevista combinada previamente acontece mais de uma hora depois de o repórter chegar ao local da conversa. Motivo: a indiferença com os ponteiros do relógio.

Atenas mostrou infraestrutura precária. Pequim irritou pela paranoia com segurança. Londres apresentou dificuldade por causa da distância do Parque Olímpico. Até agora, o Rio peca pela tolerância tão brasileira à falta de pontualidade.

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