Análise: Ter dinheiro faz mal para a gestão do esporte no Brasil

A temporada de 2017 do esporte no Brasil mostra um caso interessantíssimo que parece ser regra no país. Por mais absurdo que pareça, é ruim, no esporte brasileiro, ter muito dinheiro.

Os times de futebol mais badalados no começo do ano foram aqueles que mais gastaram em contratação. Flamengo e Palmeiras eram vistos como imbatíveis. Ambos estão, já em agosto, sem muitas previsões para o ano.

O mesmo aconteceu no dito esporte olímpico brasileiro. COB e demais confederações aproveitaram a onda do Rio 2016 para faturar como nunca. E, agora, sem o apelo olímpico, penam para buscar receita e manter o mínimo de competitividade internacional. A exceção parece ser a Confederação Brasileira de Judô, que se programou para a hora de aperto da grana.

Mas, curiosamente, a gestão esportiva no Brasil dá mostras de que é na nossa capacidade de improviso diante da adversidade financeira que achamos a solução. Botafogo e Corinthians, dentro de campo, mostram que bom desempenho não depende de alto investimento. Da mesma forma, alguns esportes começam a dar resultado na hora que a vida do atleta fica mais difícil do que já costuma ser.

O ponto é que o esporte confunde a abundância financeira com gastança desenfreada. Gasta-se demais onde se tira resultado de menos. Procura-se ostentar a verba conquistada, em vez de semear crescimento a longo prazo.

Essa, aliás, é uma característica do país como. Quando temos dinheiro, gastamos, sem nos preocupar em poupar. Mas, no esporte, ter dinheiro sempre produz efeito contrário. A gestão esportiva no Brasil precisa aprender a trabalhar com muito dinheiro.

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