Análise: Três motivos para torcer (muito) para a seleção

O Datafolha apresentou na última terça-feira um levantamento sobre o entusiasmo do brasileiro na Copa do Mundo: 53% dos brasileiros afirmaram não ter interesse nenhum pelo Mundial. Crises políticas, em Brasília e dentro da CBF, explicam parte desse número. Mas há alguns motivos para tirar a bandeira do armário e se levantar pela seleção brasileira na luta pelo hexa. Cito aqui três motivos para deixar o desânimo de lado.

O primeiro está intrinsecamente ligado ao universo da Máquina do Esporte: o hexacampeonato daria um novo fôlego ao mercado esportivo brasileiro. Desde a Copa no Brasil, cresceu entre as empresas patrocinadoras o clima de desconfiança com o futebol, algo que não ocorria nem mesmo nas mais profundas crises de imagem da CBF ao longo da década de 2000. É fácil entender: perder faz parte do negócio, mas a humilhação sofrida no Mineirão, não.

Após o 7 a 1, a própria Máquina do Esporte questionou o silêncio dos patrocinadores. O modo como o vexame foi encarado permeou muitas das marcas no mercado: era melhor se manter longe dessa bagunça. Foi um sinal de imaturidade das companhias, mas é a realidade vigente no país. A melhor maneira de virar o jogo rapidamente seria uma sonora vitória na Rússia. De preferência, sobre a Alemanha.

Não seria apenas o mercado que daria uma reviravolta com o título; o orgulho, a autoestima do brasileiro também mudariam. E essa é mais uma forte razão para torcer pela seleção. O Brasil enfrentará eleições difíceis, no alto de uma crise política e moral. A excessiva descrença pode levar a erros, a decisões impulsivas que estão longe das melhores soluções. Acreditar em si mesmo é a maneira mais sã de retomarmos o país. No dia 7 de outubro, o melhor para o Brasil é ter um eleitor mais confiante, distante dos discursos de ódio da sociedade em crise.

O último motivo está na simbologia dos vitoriosos. Sabemos que a cúpula do poder do futebol não muda com a vitória ou com a derrota em campo, então passemos o foco para os verdadeiros protagonistas. A começar pelo comando de Tite. Não é o técnico que xinga jornalista em coletiva ou que manda jogador cuspir na cara do adversário. É alguém que acredita no jogo limpo, na disputa leal, no tal do “merecimento”. Tite é o líder que o Brasil como um todo precisa se espelhar. E não é o único. Há a incrível história de ascensão de Gabriel Jesus, a persistência de Paulinho, a superação de Thiago Silva, o trabalho de Casemiro.

 O Brasil merece a Copa!

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