Análise: Uefa não faz nada além de ação fraca de marketing

Tudo o que de melhor a Uefa consegue produzir fora do campo, com a gestão de torneios como a Champions League e a Euro, não consegue saber como fazer quando o tema é o racismo dentro dos estádios. Por mais louvável que seja a campanha “Respect”, ela não passa de mais uma bonita ação de marketing da mais poderosa entidade do futebol mundial, mas sem efeito prático.

O papelão que foi a manifestação racista de alguns búlgaros durante o jogo contra a Inglaterra é capaz de colocar a Uefa no mesmo patamar da Conmebol em relação à falta de controle sobre a organização de uma partida de futebol. E já não é de agora que a Europa sofre com a manifestação de ultradireita em seus estádios continente adentro.

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Ao que tudo indica, o que falta para a Uefa é exatamente saber coibir o preconceito dentro dos estádios. E, para isso, a entidade precisa assumir a posição que gosta de tomar em quase tudo o que faz.

Ser autoritária.

Uma empresa que se preocupa ao extremo em controlar o seu produto não pode se dar ao luxo de não saber controlar o comportamento do torcedor em campo.

Não cabe racismo na sociedade. Mas quando a organizadora do melhor torneio de futebol do mundo permite esse tipo de comportamento, ela passa um péssimo recado para o mercado. Se dentro do estádio com os melhores atletas do mundo existe espaço e permissão para que as pessoas sejam xingadas, o que se poderá dizer de uma atitude com o vizinho na rua, com o mendigo na esquina, etc.?

O maior exemplo que o futebol pode dar à sociedade é mostrar que temos de respeitar as diferenças e, em grupo, compormos um mundo melhor. Quando o técnico Roger Machado dá uma entrevista colocando o dedo na ferida sobre a (não) inserção do negro na sociedade, ele usa exatamente esse poder propagador do futebol para levar o torcedor a refletir sobre o seu papel na construção da nossa sociedade.

De nada adianta a Uefa pedir respeito para o torcedor se ela mesma não respeita o torcedor que vai ao estádio para incentivar sua equipe e proteger o time e os atletas adversários. Quando o racista não é banido do estádio após cometer uma selvageria contra outra pessoa, a Uefa passa o recado de que “no estádio de futebol pode”.

E, aí, o racista usa exatamente o mesmo holofote que serve para questionar nosso papel dentro da sociedade para mostrar que o preconceito ainda existe e, pior ainda, continua impune.

A Uefa precisa saber lidar com o racismo.

Como?

Coibindo o racista!

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