Análise: Uefa põe à prova modelo de sucesso da Champions

A aquisição dos direitos de transmissão em TV aberta da Liga dos Campeões da Uefa pelo Facebook foi uma notícia que caiu como uma bomba no mercado esportivo brasileiro. A desistência da Globo de participar da licitação entregou os direitos à gigante das redes sociais.

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A decisão acabou deixando a Uefa numa encruzilhada. A entidade possivelmente vai fazer bastante dinheiro com a compra dos direitos pelo Facebook, assim como já havia conseguido números ótimos com o Esporte Interativo na licitação anterior.

Mas será que o campeonato terá o mesmo alcance que obteve no passado?

Por mais que o momento atual do Esporte Interativo seja muito mais forte do que há quatro anos, quando ele desbancou a ESPN após duas décadas de transmissão, a TV aberta tinha levado a Liga dos Campeões a um outro patamar no Brasil. 

Foi a partir da RedeTV, Record e, depois, da dobradinha Globo e Band, que a Liga alcançou seu maior público no país. Por mais forte que possa estar a penetração do Facebook por aqui, seu alcance é irrisório quando comparado com o da TV aberta, ainda mais da Globo, que cobre praticamente todo o território nacional hoje.

Muito provavelmente, a Uefa terá de promover bem mais a Liga no Brasil. Ou, então, o Facebook busca um parceiro na  TV aberta para dar maior Ibope ao torneio.

Até hoje, na única experiência de troca da Globo pelo Facebook no esporte, o fracasso de público foi total. Os dois jogos do Brasil contra Argentina e Austrália tiveram uma audiência pífia na rede social, quando comparada ao potencial da televisão.

Para o Facebook, a aposta na Liga dos Campeões é certeira. Há quase uma década que a rede social tenta encontrar meios de alcançar o jovem. Já pagou bilhões pelo Instagram para isso. Agora, ao conseguir ter os direitos de exibir o torneio mais desejado pelo público jovem, surge a chance de voltar a se conectar com os mais novos.

É ótimo para o mercado ver a entrada de um novo e endinheirado player. Mas ainda é muito cedo para achar que o Facebook tem força suficiente para rivalizar com o potencial de alcance da TV aberta no Brasil. Nossa infraestrutura tecnológica para o streaming ainda é muito restrita. E o hábito de uso das redes sociais ainda é como meio de falar sobre o que passa ao vivo na TV, e não de troca de um pelo outro.

A Uefa terá um enorme desafio pela frente. Mostrar que dá para viver, no Brasil, sem a exposição e o alcance proporcionados atualmente pela TV aberta.

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