Análise: Uma Copa diferente. Mas para mim mesmo

A Copa do Mundo de 2018 foi diferente. Sim, frase bastante clichê. Mas não me refiro à Croácia na final, aos melhores do mundo caindo de forma precoce, ao uso do VAR ou a qualquer outra coisa que o mundo todo pôde acompanhar no último mês.

Falo, na verdade, de mim. A Copa foi diferente, e muito, para mim.

Foram três Mundiais dentro de redações de televisão: 2006, 2010 e 2014. Eram dezenas de pessoas correndo de lá pra cá, de cá pra lá, com todo mundo atento a tudo que acontecia dentro de campo, aquele gol, aquele impedimento, aquela defesa, aquele erro do árbitro.

Em 2018, no entanto, tudo mudou.

Foi possível assistir aos jogos e a tudo que acontecia dentro de campo apenas pelo gosto pessoal. Pelo amor ao futebol. O olhar para uma jogada plástica, para um escanteio não marcado ou para aquele contra-ataque de prancheta não precisou ser profissional.

Isso porque o olhar profissional estava do lado de fora. Após três Mundiais em uma redação, cá estou trabalhando com marketing esportivo. Há um ano e meio, minha visão se tornou muito mais ampla do que apenas o campo e o jogo. E nada poderia me colocar mais à prova do que um evento do tamanho de uma Copa do Mundo.

Foi uma reinvenção. Provavelmente a maior da carreira até o momento. Mas acho que “passei de ano”.

Pela primeira vez, percebi coisas que, muito provavelmente, já estavam ali, mas que eu não enxergava. Você, por exemplo, chegou a notar que as placas de publicidade ao redor do campo mudavam de 30 em 30 segundos durante os jogos? Viu que a Adidas colocou um bode em sua placa no jogo de estreia da Argentina? Percebeu que a Coca-Cola pintou suas garrafas nas placas de maneira personalizada, com as cores das duas seleções que se enfrentavam naquele momento?

Pois é. Teve tudo isso. E muito, muito mais.

Teve uma Copa em que as redes sociais foram mais importantes do que nunca para as marcas.

Teve uma Copa em que uma patrocinadora da Fifa, a Adidas, foi ofuscada pela arquirrival, a Nike, que emplacou as duas seleções finalistas.

Teve um craque brasileiro que arranhou bastante sua imagem com atitudes dentro de campo, o que pode ter consequências fora dele, com seus vários patrocinadores.

Teve um mercado publicitário despreparado mais uma vez para uma derrota brasileira. Aliás, como havia sido na Copa anterior, aquela do 7 a 1, mas que eu simplesmente não enxerguei.

Teve tanta coisa. Tanta coisa que eu não via, que eu não percebia.

Mas que, dessa vez, vi. Percebi.

Foi diferente. E foi legal demais.

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