Análise: Vasco não deveria aceitar patrocínio da Havan

O Vasco não deveria ter fechado o contrato de patrocínio com a Havan. Não é uma decisão simples, especialmente pela situação financeira delicada da equipe do Rio de Janeiro e da grande maioria dos times brasileiros. É uma questão de associação de marca indevida, algo subjetivo e que, certamente, está longe de ser uma unanimidade ou uma verdade absoluta.

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O grande ponto é que a Havan está intrinsecamente ligada ao seu dono, Luciano Hang, um dos maiores apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Isso já foi visto como problemático por parte da torcida vascaína, que entende que um time com origens populares não deveria estar ligado a uma ala política de extrema direita.

A direção do Vasco, claro, pode alegar que o empresário tem direito de apoiar quem ele quiser, o que é verdade. E que possíveis problemas enfrentados recentemente pela empresa não estão tão distantes de questões enfrentadas por outras companhias no mercado, o que também é verdade. Qual é então o problema do aporte?

A questão é que Luciano Hang é um executivo, no mínimo, extravagante. Em excesso. Basicamente, ele é uma bomba relógio de polêmicas e, por consequência, de crises. Uma série de fatos que o Vasco deveria ter cuidado para se manter longe.

Hang tem uma capacidade enorme de se meter em controvérsias totalmente desnecessárias. Na última semana, gravou vídeo para falar mal da necessidade de instalação de itens de acessibilidade em suas lojas. Dias antes, tinha chamado de “idiotas” os alunos de faculdades federais. Fica difícil imaginar qual será o limite para o empresário parar de falar absurdos e qual será o tamanho da próxima bobagem.

E as polêmicas não ficam restritas ao campo das redes sociais; Hang tem condenações criminais por sonegação fiscal. Isso sem contar na bizarra atuação do empresário pela implementação da censura, seja nos processos malsucedidos ao Google ao na intimidação à Rede Globo após a emissora ter feito reportagens investigativas que envolviam Bolsonaro. Um posicionamento completamente fora de propósito.

Novamente, não é fácil a decisão do Vasco, mas se afastar desse tipo de relação seria importante para a construção da marca do time. O maior patrimônio do clube não é a recheada sala de troféus, mas a luta histórica da equipe contra o racismo e contra a exclusão social. Em São Januário, as possíveis crises geradas pela Havan terão um peso muito maior do que em outros clubes patrocinados pela empresa.

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