Por definição, segundo o Houaiss, carisma é o conjunto de habilidades que faz com que um indivíduo desperte de imediato a aprovação e a simpatia das pessoas. Portanto, antes de dizer que Messi não tem carisma, pense bem. A vontade de ganhar do argentino encanta e quebra qualquer senso comum sobre sua personalidade e sua capacidade de ser seguido.
Messi gera comoção na torcida e caos em federação na Argentina
Messi é introspectivo. Vê-lo sorrir é raridade. Sua imagem, por vezes, chega a ser antipática. Mas, ainda assim, ele é capaz de mobilizar todo um país. E, nesse caso, não vale o argumento esportivo, de que ele é craque e isso supera sua personalidade. O jogador nunca conquistou nada em um país acostumado com a glória máxima no futebol.
O que faz dele, então, tão adorado em seu país? A derrota na Copa América e a exacerbada reação do craque colocaram sua paixão pelo jogo em evidência. O que explica seu carisma, portanto, é a empatia que ele gerou nos torcedores. Por um instante, a dor dele foi a dor de todo povo argentino. Um daqueles momentos que só o esporte poderia proporcionar.
A comoção por Messi vale a reflexão do que realmente importa ao apostar na imagem de um grande jogador. De certa maneira, o ímpeto pela vitória coloca o argentino e Cristiano Ronaldo, de personalidades tão distintas, em patamar semelhante. O chilique do português após um gol tomado na Eurocopa tem o mesmo poder de empatia.
Comercialmente, um atleta pode ter diversas funções, entre o astro “aspiracional” e o craque do relacionamento interpessoal. Mas é importante ter em mente que, no esporte, a ambição e a competitividade fazem parte do jogo. E são essas as características que carregam multidões.