Análise: Xeque-mate na Fifa não pode aguardar até fevereiro

Se o caso de corrupção no futebol mundial fosse um jogo de xadrez, já não haveria mais rei, rainha, bispo, torres ou peões no tabuleiro. Um a um, os chefões que comandam o esporte mais popular do mundo vão caindo em um enredo que lembra a série norte-americana House Of Cards, produzida pelo Netflix.

O escândalo que estourou em maio, levando sete dirigentes à prisão, era só a ponta do iceberg. Clichê, mas real. O que surpreende é a velocidade dos acontecimentos. Se a Lava-Jato se arrasta desde março do ano passado, nos últimos quatro meses, Joseph Blatter, Jérôme Valcke e Michel Platini – as três forças que sustentavam o esporte – começaram a ver seus castelos ruírem.

Embora o Comitê de Reforma da Fifa esteja tentando conter a crise, a situação da entidade é insustentável nos próximos cinco meses que antecedem as novas eleições. Principalmente no momento em que um dos possíveis sucessores de Blatter aparece como suspeito nas investigações. Há algum nome em quem confiar? Todo o processo precisa ser revisto. Se for preciso começar do zero, que assim seja.

Se já falamos em extirpar tumores para seguir adiante, a o futebol mundial retrocede no sentido de que, antes de tudo, precisa identificar onde estão localizados os focos da doença. Platini reitera que há metástase muito além das paredes da suntuosa sede de Zurique. A corrupção é um câncer agressivo, mas já não mais silencioso. O futebol agoniza, a credibilidade respira por aparelhos. Não há mais tempo a perder.

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