Aos 79 anos, Blatter “encerra” carreira repleta de escândalos

“Eu amo a Fifa mais do que tudo”. É fácil acreditar nas palavras dita por Joseph Blatter em seu discurso de renúncia à entidade máxima do futebol mundial. Afinal, foram quatro décadas de serviços prestados e, desde 1998, o maior cargo da organização esteve em seu nome.

Ex-jogador de futebol amador, Blatter fez carreira como relações públicas em entidades de turismo e de esporte de seu país natal, a Suíça. Em 1975, entrou na Fifa para desenvolver projetos pensados pelo então presidente da entidade, o brasileiro João Havelange. Como diretor de programas de desenvolvimento técnico, germinou os torneios sub-17 e sub-20, além do futebol feminino.

Já em 1981, Blatter assumiu a secretaria-geral da Fifa. Sua ascensão contou com o apoio de Havelange e de Horst Dassler, filho do fundador da Adidas, Adolf Dassler.

Em seu novo cargo, Blatter assumiu as negociações com patrocinadores e com direitos de transmissão da Copa do Mundo. Em um período de maior profissionalização do esporte, o executivo multiplicou o faturamento da Fifa.

Na primeira eleição vencida como presidente da Fifa, Blatter viveu polêmica que iria se repetir em todo período do suíço como mandatário da organização do futebol. O dirigente foi acusado de comprar presidentes das confederações africanas.

 

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Poucos anos depois, mais um problema: a falência da ISL, agência de marketing esportivo criado justamente por Horst Dassler, falecido em 1987. Foi a empresa que, na década de 1970, conseguiu organizar as vendas de patrocínios e direitos televisivos em um negócio altamente rentável.

No entanto, fraudes e corrupções implodiram a agência em 2001. A justiça suíça encontrou, na época, evidências de pagamentos de suborno por meio da ISL. Em 2008, Havelange e Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, foram envolvidos em um processo criminal. Em 2010, a Fifa fez um acordo com a massa falida da agência e Blatter foi inocentado dos episódios.

Em sua penúltima eleição, em 2011, Blatter se beneficiou com mais um caso público de compras de voto. Dessa vez, foi seu adversário, Mohamed bin Hammam, que foi acusado de corromper dirigentes de confederações diversas.

Os anos que seguiram não foram nada fáceis. A principal questão foi a eleição de Qatar para receber a Copa do Mundo de 2022. Em 2014, investigações apontaram para uma série de compra de votos para que o país ganhasse o direito de sediar o Mundial. Segundo a revista France Football, foram R$ 80 milhões “investidos” ilegalmente na escolha da sede, no processo de eleição em 2010.  

Para piorar, a escolha de Qatar teve baixa aceitação entre público, mídia e patrocinadores. Calor, pouca tradição no futebol e, principalmente, condições de trabalho no país foram criticados. Até o momento, especula-se que 4 mil trabalhadores já morreram em obras de estrutura para a Copa do Mundo de 2022.

Ainda assim, a sobrevivência de Blatter na Fifa só chegou ao fim na semana passada, marcada pela maior crise já vivida pela Fifa. Dias antes do evento, sete dirigentes saíram presos do congresso na Suíça, sob a acusação de receberem propinas em negociações de direitos de marketing e de televisão de torneios   

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