O blecaute que deixou 18 Estados no escuro há uma semana reabriu as discussões sobre a necessidade de modernização do sistema elétrico do país para a Copa do Mundo de 2014. A principal preocupação, no momento, é com a vulnerabilidade do setor. Segundo o Ministério de Minas e Energias, o apagão foi provocado por curtos-circuitos em decorrência do mau tempo. Os curtos provocaram o desligamento de três linhas de alta tensão que transportavam energia da usina de Itaipu e do sistema Sul. Com a perda da usina de Itaipu e do fornecimento da região Sul, outras usinas também foram desligadas automaticamente na região Sudeste – a mais afetada. Dois dias após o apagão, um hacker invadiu o site corporativo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Segundo a entidade, porém, não houve qualquer ameaça à operação do sistema, que é gerido por meio de uma rede blindada. O ONS informou que o ataque foi detectado pela segurança interna e o problema resolvido no dia seguinte. ?O país todo não pode ficar tão suscetível às condições atmosféricas ou a uma falha. Seria uma catástrofe para o Brasil se isso voltasse a acontecer em plena Copa do Mundo? disse Ricardo Gomyde, assessor especial do Ministério do Esporte, em evento sobre o Mundial de 2014 realizado em São Paulo na última quinta-feira (12). ?Precisamos dar um salto muito grande nessa área, não só com a descoberta de novas matrizes energéticas, mas também com a modernização de todo o sistema de transmissão?, completou o representante do ME. Uma das alternativas pode ser a utilização de energia solar nos estádios. A questão vem sendo analisada desde o início do ano, antes de o país ficar às escuras. De acordo com levantamento da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Instituto Ideal, em Florianópolis, o custo de cada estrutura varia entre R$ 18 milhões e R$ 42 milhões, ainda considerado caro para os padrões nacionais. O primeiro estádio a ser alimentado por energia solar deverá ser o Pituaçu, na Bahia. O projeto executado pela Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) foi apresentado em maio ao governador baiano Jacques Wagner. O investimento é de R$ 5,2 milhões para as obras que devem ter início já em 2010. O projeto já foi apresentado ao ministro do Esporte, Orlando Silva, e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os estudos preliminares já foram realizados pela UFSC em quatro estádios: Maracan”, Beira Rio, Mineirão e Fonte Nova. O potencial solar do Brasil ? superior em 40% ao da Alemanha, onde foi disputada a Copa 2006 ? é apontado como uma das molas propulsoras para a implantação do projeto. Curiosamente, o pioneiro na utilização de energia solar em eventos de grande porte no futebol foi o Stade de Suisse Wankdorf, em Berna, capital da Suíça, uma das sedes da Eurocopa de 2008. ?Temos opções, o que é importante. O sistema de energia do Brasil ainda é confiável, mas precisa de tecnologia de controle?, afirmou Nivaldo Tetti, vice-presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib), responsável por um estudo sobre nove itens de preparação para o Mundial, incluindo energia, encomendado pelo Governo Federal e pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Apagão retoma debate de energia na Copa
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