Há três meses, o empresário argentino radicado no México Matías Said ganhou espaço na mídia ao prometer causar uma “revolução” no mercado de transmissão esportiva. Em entrevistas para veículos do México e da Argentina, o executivo prometia para 30 de agosto o lançamento do Sportflix, a primeira plataforma exclusiva de esportes exibidos por streaming.
O projeto era poder exibir, em qualquer lugar do planeta, eventos esportivos ao vivo, disponíveis para as pessoas assistirem onde estivessem. Àquela altura, o site do serviço já estava funcionando e captava novos assinantes por US$ 19,99 ao mês. O site não tinha qualquer evento exibido, trazia apenas uma foto de Neymar, e prometia revolucionar o esporte.
“Não estou autorizado a falar por conta de acordos de confidencialidade, mas estou certo de que todas as partes estarão satisfeitas”, afirmou Said ao portal argentino “TodoTV”, quando foi questionado sobre como ele faria para ter os direitos de exibir os eventos.
Desde a última segunda-feira, sem nenhum alarde, o site do Sportflix saiu do ar.
Na semana do dia 30 de agosto, Said sofreu um bombaerdio mundial dos principais conglomerados de mídia e de grandes entidades esportivas, que negaram ter qualquer vínculo com o serviço oferecido pelo argentino. ESPN, Fox, Globo, LaLiga e Uefa foram algumas das empresas que negaram ter tido contato para ceder direitos de transmissão ao Sportflix.
Esse primeiro baque já tinha feito com que, em vez de já vender assinaturas, o Sportflix passasse a oferecer um pré-cadastro dos fãs interessados no serviço. Enquanto isso, Said parou de aparecer tanto em entrevistas para o mercado. E tratou de tentar apagar ao máximo a má impressão deixada.
O executivo, porém, sofreu um grande baque pouco tempo depois. A equipe de Relações Públicas que havia trabalhado no plano de divulgação do Sportflix pediu demissão no meio do processo, ampliando ainda mais a crise de imagem do serviço.
Para piorar a vida do argentino, nos últimos meses as principais emissoras esportivas passaram a ser mais agressivas na oferta de serviços de streaming. Nos Estados Unidos, a ESPN anunciou que, em 2018, já terá à venda o aplicativo para assinatura do serviço diretamente ao consumidor.
No Brasil, as emissoras já haviam se mexido antes mesmo do Sportflix aparecer. A ESPN já havia lançado neste ano o “ESPN Play”, serviço de venda por meio de banda larga o acesso ao conteúdo da empresa. Nos últimos meses, a Globosat anunciou que, no ano que vem, passará a vender diretamente para o consumidor a assinatura dos seus canais por streaming, entre eles o Sportv. Já a Fox e o Esporte Interativo têm apostado mais na oferta de conteúdo por seus aplicativos.