Após Copa, metrô “estaciona” na África do Sul

Cerca de um ano e meio depois da realização da primeira Copa do Mundo no continente africano, aquele que era para ser um dos principais legados em mobilidade urbana do evento não foi além daquilo que, às pressas, foi construído para o Mundial.

O Gautrain, linha de trem que liga o aeroporto internacional de Johanesburgo OR Taimbo aos principais bairros da cidade continua a ter apenas três estações, tendo “estacionado” em Sandton, bairro de classe alta e que em 2010 recebeu o trem apenas com a Copa já em andamento.

Com um investimento de cerca de US$ 4 bilhões, o Gautrain era apontado como a obra de maior relev”ncia para a mobilidade sul-africana não apenas durante a Copa, mas principalmente após o término da competição. A proposta era estabelecer a primeira linha de metrô da África do Sul, ligando de maneira rápida e segura os principais bairros da cidade para ampliar as alternativas de transporte. A expectativa era de que, com o Gautrain, o tráfego de carros pela estrada N1 Ben Schoeman, que liga Johanesburgo a Pretoria, caísse 20%, ou cerca de 100 mil automóveis a menos diariamente.

O trem, porém, teve sua construção paralisada por diversas vezes (e o orçamento septuplicado), sendo que o término da estação de Sandton, que deveria atender ao turista que se hospedava ali durante o Mundial, só foi acontecer a dois dias do início da competição. Falta cumprir, porém, a promessa de que a linha chegaria até o Soweto, uma das mais pobres regiões de Johanesburgo e que ficou conhecida por ter sido o local em que e cresceu nasceu Nelson Mandela.

Atualmente, a linha continua a levar o passageiro apenas até Sandton. As duas estações seguintes já estão prontas, porém problemas de infiltração no trajeto dos trens têm adiado o início das atividades para além do bairro mais rico da cidade. 

No último sábado a reportagem da Máquina do Esporte fez o percurso de ida e volta entre o aeroporto e o bairro de Sandton. Com os mesmos 15 minutos de duração quando foi lançado, em 2010, a linha não caiu nas graças da população e dos turistas que visitam Johanesburgo. Com apenas quatro vagões, quase sempre vazios, os trens partem aos finais de semana a cada 30 minutos. Atualmente, a média de uso do Gautrain é de cerca de 8 mil passageiros por dia, de acordo com o consórcio responsável pelo trem.

* O repórter viaja a convite do Gabinete Presidencial do Gabão

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