Arrancada foca classes C e D por receita

Com um crescimento econômico acima dos 4% ao ano, multiplicação de empregos e acesso facilitado ao crédito, o Brasil tem ampliado consideravelmente nas últimas temporadas o consumo anual no país. Essa evolução do mercado está diretamente ligada a uma escalada de pessoas a classes superiores de consumo (sobretudo para a classe C, que engloba donos de renda mensal entre R$ 1.062 e R$ 2.017). Enquanto a maioria dos eventos adota discurso de busca por público selecionado para gerar negócios, o Festival Brasileiro de Arrancada resolveu focar nesse filão. A movimentação popular decorrente da evolução econômica do país fez com que a classe C passasse a representar a maior faixa da pir”mide no Brasil ? segundo dados do ano passado, 86 milhões de pessoas fazem parte desse grupo. E é para esse grupo que fala o evento, que acontecerá entre os dias 10 e 13 de dezembro, no autódromo de Curitiba. ?Nosso público-alvo quer ver carros customizados, dinamômetros testando motores, quer ter acesso a lançamentos. Hoje, todas as pesquisas apontam que 20 milhões de novos consumidores se encaixam na classe C, mas que a estratégia de venda para essa faixa ainda é muito árida. Nós temos expositores que chegam a vender R$ 100 mil por dia no Festival, número maior do que acontece em qualquer outra categoria do automobilismo em um fim de semana ? com exceção da Fórmula 1?, apontou Rafael Casagrande, diretor da Winner Marketing Esportivo, agência que conduz o marketing do evento. A edição deste ano, 16ª da história, terá 19 expositores. Até a programação do evento tem relação com o público-alvo: a ideia de realizá-lo em dezembro é uma tentativa de aproveitar o 13º salário dos consumidores e gerar receita a partir disso. ?Falamos de um público que não tem muito acesso. Quando existe algo feito para elas, essas pessoas vêm para comprar?, disse Casagrande. O crescimento do segmento popular aproximou o Festival Brasileiro de Arrancada de novos contratos. A edição deste ano terá patrocínio da General Motors e da Goodyear, que esteve no evento em três anos e deixou de apoiá-lo nas duas últimas temporadas. As cotas de aportes são vendidas por R$ 20 mil, R$ 40 mil ou R$ 70 mil. ?Esse valor já inclui um plano de ativação básica, que é para o cara não chegar totalmente cru. O patrocinador não precisa investir e colocar mais um montante para ativar. Nós fazemos a exposição da marca em estandes e outros espaços, e o cliente incrementa se quiser alguma ação mais específica?, explicou o executivo. Também possui foco popular a programação montada pelo festival. Como a proposta é manter as pessoas no autódromo durante todo o dia para que elas acompanhem as provas e tenham contato com produtos dos expositores, há uma série de atrações como bandas e a única pista de autorama de arrancada do país. O grande problema, contudo, é que o perfil popular reforça o preconceito identificado pelo segmento. Segundo Casagrande, a categoria tem dificuldade para se encaixar no automobilismo, por ser disputada apenas em retas, e com as empresas pela pronta associação aos rachas. ?Existe preconceito, sim. A arrancada é marginalizada dentro do automobilismo. Outras categorias torcem o nariz porque o piloto não é piloto só guiando em reta, porque o carro não é carro só correndo em reta, mas não entendem que há grande investimento e grande preparação por trás. Isso também gera um problema para atrair parceiros. Alguns falam ?não vou ao Arrancadão? assim, em tom pejorativo. O que as empresas precisam entender é que esse público também é consumidor?, encerrou Casagrande, que cogita até uma mudança no nome do evento para tentar reduzir o impacto negativo.

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