Sem dinheiro em caixa, a principal alternativa dos clubes espanhóis da primeira divisão é buscar seus patrocinadores no aeroporto. De preferência em viagens para a Ásia. A participação de empresas do continente cresceu amplamente nos últimos anos, turbinada pela crise espanhola. Metade das equipes que militam na primeira divisão têm vínculos econômicos com investidores orientais, e a própria Liga de Futebol Profissional conta com a chinesa Huawei, fabricante de celulares, entre seus principais apoiadores.
Dos 20 clubes da divisão de elite espanhola, oito contam com patrocinadores asiáticos. Outros dois, Valencia e Málaga, foram adquiridos por magnatas de lá. O xeque qatari Abdullah Al-Thani comprou o clube da Andaluzia em 2010, investindo € 150 milhões e trazendo estrelas como Cazorla, Toulalan e Van Nistelrooy. A equipe chegou a fazer campanha histórica, atingindo as quartas de final da Liga dos Campeões.
Já o Valencia foi arrematado por Peter Lim, a oitava maior fortuna de Cingapura, por € 94 milhões. O empresário é o grande trunfo do clube para poder fazer frente a uma dívida de cerca de € 400 milhões e voltar a ser uma potência.
Os investidores asiáticos foram responsáveis por acabar com uma tradição no Barcelona de não estampar patrocínios lucrativos em sua camisa. Naquele ano, o clube da Catalunha assinou acordo com a Qatar Sport Investiment, dona do PSG, por € 170 milhões por cinco temporadas. O contrato foi anunciado, na época, “como o mais alto da história do futebol”.
Já o Real Madrid acaba de reforçar sua lista de patrocinadores com a assinatura de contrato com a IPIC (International Petroleum Investment Company), um fundo de investimento do governo de Abu Dhabi. A companhia, dona da Cepsa, uma das maiores empresas da Espanha, irá financiar a reforma do estádio Santiago Bernabeu. Desde 2013, o clube merengue já conta com outro investidor dos Emirados Árabes, a companhia aérea Emirates, patrocinadora da camisa do time.
Atual campeão espanhol, o Atlético de Madri tem o Azerbaijão como patrocinador de camisa e assinou recentemente acordo com a Huawei. Já o Sevilla, que vem fazendo campanha surpreendente no Campeonato Espanhol, estampa na camisa propaganda incentivando o turismo na Malásia, em acordo assinado com o governo local.
O Villarreal chegou a acordo com a Dalian Wanda Group Corporation, conglomerado de empresas chinesas, em 2010. O Submarino Amarelo, como é conhecido, recebe todos os anos dez promessas do futebol chinês para passar por estádio no clube. A equipe também tem entre seus patrocinadores a Doogee (smartphones) e a Xtep (material esportivo), duas empresas chinesas. Uma holding de capital de Austrália e Coreia do Sul, a East United, estampa publicidade na camisa do Levante.
Já a Real Sociedad e o Rayo Vallecano são apoiados pela QBao.com, empresa chinesa de publicidade e apostas online. A equipe do País Basco, que não conseguiu patrocinador na temporada passada, estreou a publicidade na camisa na vitória sobre o Real Madrid, por 4 a 2, na segunda rodada do Campeonato Espanhol. O resultado inesperado deixou os novos apoiadores tão satisfeitos, que a Real Sociedad recebeu um bônus de € 100 mil pela boa repercussão do resultado na China.