O Barcelona vive um problema incomum para clubes de futebol: tem sofrido pressão para se manifestar politicamente, em posicionamento que seria prejudicial aos negócios da equipe. Após um fim de semana marcado pelas eleições informais na cidade pela independência da Catalunha, o time sofreu críticas por não cancelar uma partida do Campeonato Espanhol.
Dois dos principais jornais esportivos de Barcelona, o “Sport” e o “L’Esportiu”, colocaram a palavra “vergonha” para se referir ao jogo da equipe. O clube resolveu entrar em campo no fim de semana, com os portões fechados, mesmo com a série de confusão que ocorreu na cidade entre a população e a polícia espanhola, que reagiu ao plebiscito de forma violenta.
O Barcelona, na verdade, não teve muita opção, pelo menos por parte da Liga Espanhola. A entidade recusou a aceitar o adiamento do jogo, com a ameaça de tirar pontos da equipe caso ela não entrasse em campo. A solução foi jogar para um Camp Nou completamente vazio, com os portões fechados.
“Recebemos pressões de todos os tipos. Uma vez que não conseguimos adiar, decidimos que o jogo se disputasse com portas fechadas, pensando que seria um grande alto-falante. Era uma grande maneira para que o mundo se perguntasse o que acontecia na Catalunha”, justificou o presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, na segunda-feira (02).
A posição da La Liga veio com mais ameaças: caso a Catalunha consiga de fato a independência, o time não participaria mais do torneio. Hoje, a única exceção feita a um time de fora é para a Andorra, graças a uma lei já existente no país. O Barcelona teria, então, que procurar outra organização, como a francesa, que recebe o Monaco. Caso isso não acontecesse, a equipe teria um sério problema esportivo e, consequentemente, financeiro.
Como resposta à pressão da Catalunha, o Barcelona anunciou também na segunda-feira (02) que suspendeu todas as atividades dos times profissionais e de base nesta terça-feira (03). O clube adere, então, a um protesto geral na região contra a violência policial do último fim de semana.
Em Madri, o esporte também foi cercado de polêmica. Houve protestos no treino da seleção espanhola contra o zagueiro Piquet, do Barcelona, um apoiador da independência. Policiais tiveram que tirar cartazes de torcedores.