A publicação da reportagem da Máquina do Esporte revelando a ata da reunião extraordinária do Conselho de Administração do banco BMG, realizada no dia 15 de janeiro, causou uma crise no projeto de patrocínio entre Corinthians e BMG.
Após a notícia ganhar repercussão, o banco retirou do ar a ata da reunião. E o clube, por volta do meio-dia, divulgou uma nota em que não nega os valores divulgados na reportagem e afirma apenas que recebeu R$ 30 milhões à vista pela parceria.
“Os valores detalhados do contrato, por normas gerenciais do banco, como já havia declarado seu principal acionista na entrevista coletiva, deveriam ser mantidas em sigilo até a formalização de procedimentos internos. Consequentemente, o clube sempre se limitou a declarar, quando perguntados sobre valores contratuais, o montante do adiantamento inicial, no valor de R$ 30 milhões, além da participação nos lucros. Tal valor foi efetivamente depositado na tesouraria do clube nesta semana”, afirmou o clube no comunicado à imprensa.
Apesar de retirar o acesso à ata da reunião de 15 de janeiro, o banco BMG não desativou o acesso ao link com a nota, que foi copiado pela Máquina do Esporte antes da publicação da reportagem. O link ainda pode ser acessado aqui.
Na nota divulgada à imprensa, o Corinthians reitera que o projeto do patrocínio é inovador e garante ao clube participação de 50% sobre o programa que será montado com o BMG e lançado em fevereiro. Além disso, o clube confirmou que o valor adiantado pelo banco será usado para contratar jogadores e aliviar o fluxo de caixa.
“A diretoria do clube sempre enfatizou que este era um contrato inovador, em que o Corinthians exigiu uma participação volumosa nos resultados da parceria e também uma colaboração importante no alívio da sua pressão de caixa. A solução encontrada foi a ideal: conseguimos a participação em metade dos lucros gerados pela nossa base de torcedores nos próximos 5 anos e recebemos à vista o valor de que necessitávamos para completar o ciclo de contratações de jogadores. Como em qualquer negociação no mercado financeiro, quanto maior for a convicção do negociador no êxito da parceria, mais se exige de participação nos lucros e menos se luta por mínimos garantidos”, disse o clube.
Além disso, segundo o Corinthians, projeções conservadoras indicam que a parceria pode render R$ 30 milhões já no primeiro ano. Para esse valor ser alcançado, porém, o clube e o banco precisam de uma adesão em massa de clientes e de utilização dos serviços bancários. Em 2017, o lucro do BMG foi de R$ 26,3 milhões. No ano passado, esse valor saltou consideravelmente, indo a mais de R$ 130 milhões (o resultado do último trimestre ainda não foi divulgado).
A questão é que o banco já conta com quase 4 milhões de clientes, segundo os últimos números divulgados pelo Banco Central. Para conquistar os R$ 18 milhões a mais no patrocínio, o Corinthians precisaria ter um lucro na operação com o BMG de R$ 36 milhões. Mais do que o BMG conseguiu em 2017.
Por fim, o Corinthians disse que o contrato é o melhor já feito pelo clube.
“Insistimos na tese de que este é o melhor contrato que já fizemos e o engajamento da Fiel abrindo contas na nossa plataforma comprovará esta verdade. Que outros clubes já estejam batendo às portas do banco para assinar contratos semelhantes dá testemunho do mérito inovador desta parceria”, complementou a nota oficial.