Bom Senso quer órgão regulador e zerar déficit de clubes em cinco anos

O movimento Bom Senso FC, idealizado pelos jogadores de futebol brasileiros, defende o fim dos déficits em até 5 anos dos clubes, a criação de um órgão regulador das finanças e a implementação de um limite de gastos com o futebol.

Esses três pontos fazem parte de um documento que será apresentado pelo Bom Senso nesta segunda-feira, num evento em São Paulo aberto a convidados. Nele, os atletas vão mostrar as propostas para um novo calendário do futebol e, também, para a criação de um sistema de Fair Play Financeiro, que tenta evitar o endividamento dos clubes e assegurar o cumprimento dos acordos salarias com os atletas.

A reportagem da Máquina do Esporte teve acesso à proposta que será apresentada pelo Bom Senso, que é assinada pelos jogadores “Alex (Coritiba), Dida (Internacional), Paulo André (Shanghai Shenhua) e todo o Bom Senso F.C”.

 

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Nela, os principais pontos debatidos em relação ao sistema de Fair Play Financeiro são a criação de um órgão regulador dos clubes, a redução gradual dos déficits nos balanços financeiros e o limite de gastos com o futebol.

De acordo com os jogadores, a proposta do Bom Senso é tentar apresentar melhorias para o atual modelo de calendário e finanças do futebol brasileiro.

“O modelo atual é falho, como todos os modelos serão. O nosso objetivo é diminuir essas falhas e encontrar o que se aproxime muito do ideal”, diz parte do documento.

O Bom Senso pretende adaptar o modelo implementado há três anos pela Uefa, entidade que organiza o futebol na Europa. De acordo com o movimento dos atletas, a adoção do sistema no Velho Continente fez com que se reduzisse os gastos na transferência de jogadores e, também, caísse o endividamento aos funcionários.

Por conta disso, o princípio de funcionamento do projeto de Fair Play Financeiro obriga a criação de um órgão regulador dos clubes, tal qual acontece na Europa. Essa “entidade reguladora”, como denominou o Bom Senso, tem como princípio defender o interesse comum dos clubes e, também, fiscalizar o cumprimento das normas de implementação das práticas administrativas.

Dentro dessas práticas, a proposta que mais tem impacto é a de acabar, em até 5 anos, com o déficit anual de um clube. Para o Bom Senso, os clubes poderão, nos primeiros dois anos de implementação, ter até 10% da receita total de déficit. Depois, esse limite cai a 5% nos terceiro e quarto anos. Por fim, a partir do quinto ano com o novo sistema, o clube não pode mais terminar o ano no vermelho.

Outra medida que o Bom Senso pretende que seja implementada dentro do projeto de Fair Play Financeiro é a de limitar em 70% os gastos com o futebol dentro da receita total de um clube. Isso permitira que uma verba maior fosse alocada em outras atividades, o que poderia ajudar no desenvolvimento de outros esportes dentro de uma instituição.

Além disso, os atletas pedem maior rigor com clubes que possuem dívidas trabalhistas. No projeto, aqueles que estejam com dívidas pendentes não podem contratar novos jogadores. A punição para quem não conseguir saldá-las até o fim do ano é ainda maior, com o clube sendo impedido de participar de competições no ano seguinte.

O projeto de Fair Play Financeiro é uma das principais reivindicações do Bom Senso ao lado da mudança do calendário. Até agora, o movimento não conseguiu, porém, interlocução com a CBF para que o debate tomasse corpo.

“As propostas apresentadas foram fruto de muita discussão e comprometimento dos participantes do Bom Senso F.C.. Talvez ela não seja a ideal, mas é, sim, melhor do que o sistema atual”, afirma o documento apresentado pelo movimento.

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