Boston mescla segurança com desejo de internacionalização

Caso a organização da Maratona de Boston pudesse escolher o vencedor da prova desta segunda-feira (16), o nome de Yuki Kawauchi certamente estaria na lista de candidatos. O corredor, que de fato venceu a disputa, é simbólico do que busca o evento. Japonês e amador, o atleta já correu a meia-maratona de Tóquio fantasiado de panda. É o símbolo de superação internacional que os americanos desejavam para ter um evento cada vez mais global.

Foto: Duda Lopes

A Maratona de Boston é uma das mais tradicionais do mundo. Ainda assim, não tem o apelo turístico natural de outros eventos, em cidades maiores e mais conhecidas, casos de Nova York, Londres e Tóquio. O evento ficou mais em evidência em 2013, quando um atentado terrorista tirou a vida de três pessoas que assistiam à prova. Agora, cinco anos depois, a corrida nos Estados Unidos mostra fôlego para buscar novos públicos.

Nas ruas de Boston, quase cem países foram representados entre os atletas que enfrentaram o frio e a chuva na edição deste ano. Eles cruzaram a linha de chegada sob suas bandeiras, espalhadas pela Boyston, a mais famosa rua da capital do estado de Massachusetts.

Ao vivo na WBZ, a filiada da CBS em Boston, o principal patrocinador da prova resolveu explicitar o desejo de falar para além dos bostonianos. Barbara Goose, diretora de marketing da seguradora John Hancock, usou a apresentação da marca na transmissão da corrida para declarar: “As pessoas querem estar em Boston, querem representar a cidade. Mas temos que lembrar que ela atinge o mundo todo”.

Na prática, isso resultou em uma ativação social curiosa da empresa. A John Hancock fechou uma parceria com o Unicef para transformar cada passo dos 30 mil corredores em um kit de alimentação para crianças desnutridas. A ação envolveu países como Uganda, Timor Leste, Burkina Faso, entre outros. Dessa maneira, os estimados 1,65 bilhão de passos ajudariam diretamente na sobrevivência de 500 crianças.

Foto: Duda Lopes

Graças aos visitantes internacionais, Boston espera movimentar mais de US$ 130 milhões na cidade somente com turismo. Os visitantes se misturam nas ruas prontas para recebe-los, mas, ainda assim, é impossível se livrar dos resquícios de 2013, muito além das diversas mensagens de “Boston Strong”. O sistema de segurança impressiona.

Eram esperadas 1 milhão de pessoas espalhadas pelas ruas de Boston para acompanhar a corrida, número que ficou longe de ser atingido graças à forte chuva. Em nenhum ponto da prova, os visitantes podiam chegar perto do trajeto sem passar por revista. Cerca de 7 mil pessoas fizeram a segurança da corrida, entre policiais, militares e profissionais contratados.

No fim, Boston convive com as vantagens e as desvantagens de ter um de seus principais eventos cada vez mais internacional.

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