A China é o novo eldorado do boxe. O país, de 1,4 bilhão de habitantes, é o novo alvo tanto da Aiba (Associação Internacional de Boxe Amador) como das entidades profissionais. Para Bob Arum, empresário e promotor de lutas, a China “oferece um mercado muito maior do que os Estados Unidos”.
A declaração de Arum faz sentido se pensarmos na queda de interesse de público e mídia nos últimos anos por conta do crescimento do MMA.
Um dos maiores pugilistas da atualidade, Manny Pacquiao abriu uma academia de boxe no ano passado, em Pequim. O filipino diz estar convencido de que a China “irá fabricar grandes pugilistas como tem feito em outros esportes”.
O curioso é que o país asiático proibia a modalidade até 1987, em lei que fora estabelecida pelo líder da Revolução Chinesa Mao Tsé-Tung. O esporte era considerado muito violento. Com o fim do veto, o esporte se desenvolveu lentamente no país, a partir de sua versão amadora. Os frutos desse trabalho de popularização começaram a ser vistos nas duas últimas edições da Olimpíada, quando a China conquistou 3 ouros, 2 pratas 2 bronzes.
O país também conta com um campeão mundial profissional, Xiong Zhao Zhong, campeão interino da categoria palha do CMB (Conselho Mundial de Boxe). Apesar disso, o maior ídolo do boxe do país é Zou Shiming, bicampeão olímpico (Pequim-2008 e Londres-2012) e três vezes campeão mundial entre 2005 e 2011. Popular no país, o lutador protagoniza filmes publicitários de várias empresas.
Agora profissional, o próximo desafio de Shiming será a disputa do cinturão dos moscas da FIB (Federação Internacional de Boxe) contra o tailandês Amnat Ruenrong. A luta está marcada para 7 de março, em Macau, a capital chinesa do jogo, que conta com numerosos cassinos.
A estreia do ídolo chinês no boxe profissional, em 2013, foi acompanhada por mais de 300 milhões de chineses pela TV, o dobro da audiência do Super Bowl nos Estados Unidos. A legislação chinesa, porém, ainda representou um entrave à carreira de Shiming, já que só pôde estrear no boxe profissional aos 31 anos, idade em que boa parte dos pugilistas já começa a planejar a aposentadoria. Em um ano e meio, o lutador conseguiu 6 vitórias, embora apenas uma tenha sido por nocaute. Seu treinador é Freddie Roach, eleito seis vezes treinador do ano nos Estados Unidos e preparador entre outros de Pacquiao e Julio César Chávez.
Em Macau, ele irá reencontrar um adversário que venceu duas vezes no boxe amador. No profissional, porém, Ruerong deve ser um adversário mais difícil. Além da maior experiência, o tailandês ainda não perdeu em 13 lutas.