Braço direito de Blatter teria repassado suborno, diz New York Times

O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke

Os indícios de corrupção na Fifa começam a respingar no paletó de Joseph Blatter. O New York Times noticiou que o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, teria feito transferência de US$ 10 milhões para a conta de Jack Warner, que chegou a ser preso, mas foi solto sob fiança, acusado de corrupção.

A transferência bancária teria sido um pagamento de suborno para que o dirigente de Trinidad e Tobago ajudasse a África do Sul a ser eleita para sediar a Copa do Mundo de 2010. A investigação não identifica Valcke como “coconspirador”. Danny Jordaan, dirigente da candidatura sul-africana, diz que o dinheiro foi um pagamento para uma fundação para o desenvolvimento do futebol no Caribe.

“Como poderíamos ter pago um suborno quatro anos depois da vitória da África do Sul [na eleição da Fifa para sede da Copa de 2010]?”, questiona Jordaan.

Valcke diz que não autorizou a transferência bancária. Segundo um porta-voz da Fifa, ela teria sido feita pelo presidente do Comitê de Finanças, Julio Grondona, que morreu no ano passado, e foi feita “obedecendo os regulamentos da entidade”.

No entanto, a investigação feita pelos promotores norte-americanos tem outra versão. Para eles, o esquema de suborno se desenrolou durante vários anos. Em 2004, o Comitê Executivo da Fifa teria estabelecido que, para sediar a Copa, o governo da África do Sul teria que pagar propina de US$ 10 milhões para Warner e outros dirigentes em troca de votos.

O então presidente da Concacaf votou na África do Sul, mas o país acabou não pagando a propina combinada. A própria Fifa teria se encarregado de saldar a dívida usando dinheiro que seria destinado ao país africano para ajudar na organização da Copa do Mundo.

Jordaan, por sua vez, diz que o dinheiro foi enviado para a Concacaf como parte dos esforços do país de apoiar o futebol local. Warner, porém, teria destinado boa parte da verba para uso pessoal. Como defesa, o dirigente diz que as acusações dos Estados Unidos são motivadas pela perda da eleição para sediar a Copa de 2022.  

A Fifa anunciou nesta segunda-feira que, “devido à situação atual”, Valcke não viajará para o Canadá, para participar da abertura da Copa do Mundo feminina, na semana que vem. “É importante que ele cuide dos problemas na sede da Fifa, em Zurique”, afirmou a entidade, em comunicado à imprensa. 

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