Abalado por uma série de esc”ndalos envolvendo a pasta que ele comanda, o ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, deve oficializar nesta quinta-feira que vai deixar o cargo. Ele foi chamado para uma reunião, ao lado de dirigentes do PC do B, com o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral).
Segundo a “Folha de S.Paulo”, a reunião deve preceder uma conversa de Silva Júnior com a presidente Dilma Rousseff. Esse encontro, por sua vez, servirá para encerrar a passagem do ministro pela pasta.
Ainda de acordo com o jornal, o governo já busca nomes para ocupar a vaga de Silva Júnior. Atualmente, os mais cotados são Aldo Rebelo (PC do B-SP), Luciana Santos (PC do B-PE) e Flávio Dino (PC do B-MA).
Na última quarta-feira, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse, citando como fonte a imprensa brasileira, que o interlocutor do governo federal seria alterado. E que o cargo, que atualmente é ocupado por Silva Júnior, seria dado a Luciana Santos, ex-prefeita de Olinda.
Mesmo que isso não se confirme, o fato é que a situação de Silva Júnior é cada vez mais complicada. Sobretudo porque o Superior Tribunal Federal (STF) iniciou na última terça-feira uma investigação sobre irregularidades no Esporte.
A pasta é acusada de realizar um esquema de desvio de verbas do programa social Segundo Tempo, que tem como principal mote o fomento à prática esportiva por meio de auxílio a ONGs. À revista “Veja”, o policial João Dias Ferreira revelou um esquema de pagamento de comissões para a pasta. Segundo ele, o próprio Orlando Silva Júnior teria recebido propina em uma garagem do ministério.
O Ministério do Esporte diz que a ONG de Dias Ferreira firmou dois convênios com a entidade, em 2005 e 2006, mas que eles não foram executados. Por isso, pede restituição de R$ 3,16 milhões.
Além disso, Orlando Silva Júnior focou sua defesa em ataques à imagem de Dias Ferreira. De acordo com o ministro, as acusações coincidem com um pedido dele para que o Tribunal de Contas da União (TCU) analise os convênios da pasta com a ONG.
No entanto, um documento revelado na última terça-feira estabeleceu ligação entre Silva Júnior e o policial. De acordo com o texto, publicado pela “Folha de S.Paulo”, o ministro conhecia irregularidades na ONG de Dias Ferreira quando reduziu contrapartidas do programa e viabilizou a destinação de verba à entidade.
Em depoimento à Polícia Federal, Dias Ferreira disse que Silva Júnior reduziu as contrapartidas para acalmar o policial e que chegou a reconhecer, em evento público, que havia ajudado o atual delator.