A temporada do futebol brasileiro começou agora, mas já foi o suficiente para uma discussão antiga ficar em evidência: a efetividade da torcida única em clássicos regionais, a fim de evitar novos casos de violência. No Estado de São Paulo, a medida foi adotada em 2016 e renovada para 2017. Foi nessa maneira que Santos e São Paulo duelaram na quarta-feira, na Vila Belmiro.
Nos últimos dias, dois dos mais tradicionais clássicos do Brasil fomentaram a discussão para ambos os lados. Por um lado, o duelo entre Flamengo e Botafogo teve um triste resultado. Com menos policiais do que o recomendado graças a protestos da categoria no Rio de Janeiro, houve um ataque armado entre torcedores, o que resultou na morte de uma pessoa. E ainda há outro torcedor internado em estado grave.
Graças aos incidentes, já existe a possibilidade de torcida única no Rio de Janeiro. No Novo Basquete Brasil, por sinal, Vasco e Flamengo se enfrentaram com portões fechados em janeiro. Agora, o Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe) insiste para que a segunda partida entre as equipes tenha torcida única. A medida também foi adotada em Alagoas, para o clássico entre CSA e CRB.
Por outro lado, em janeiro, Atlético Mineiro e Cruzeiro jogaram pela Primeira Liga com o Mineirão dividido entre os torcedores. Foi a primeira vez em quatro anos que os times tiveram cargas iguais de ingresso, em uma tentativa de resgatar as festas dos estádios que eram comuns até a última década. Hoje, o espaço para 10% ao visitante, no máximo, se tornou comum.
Mas é em São Paulo que a discussão tomou tom mais forte, especialmente pela proibição vigente. Para tentar derrubar a medida, o ex-diretor do Bom Senso FC, Ricardo Borges Martins, tem usado a organização Minha Sampa para criar um movimento contra a torcida única em clássicos.
Para alimentar o pedido, foi criado um site para que torcedores mandem mensagens para a Federação Paulista de Futebol. O movimento conta com apoio, gravado em vídeo, dos jornalistas Juca Kfouri, José Trajano e José Luiz Portella.
Além de sustentar o direito dos torcedores de acompanharem suas equipes, o movimento criado sustenta que as brigas entre torcidas dificilmente acontecem dentro das arenas e que “das 275 vítimas ligadas ao futebol desde outubro de 1988, mais de metade foram registradas em dias sem jogos”.