CMN vai definir empréstimos para a Copa

A despeito de o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já ter demonstrado interesse em abrir uma linha de financiamento para a Copa do Mundo de 2014 e de esse crédito ser tratado como certo por diversos setores envolvidos na organização do evento, ainda há uma pendência: a aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN), que também será responsável por estipular o modelo desses empréstimos. A falta de aprovação do CMN é o que impede o BNDES de falar abertamente sobre os empréstimos para a Copa do Mundo de 2014. A instituição financeira pública espera participar ativamente de financiamentos, diretos ou indiretos, sobre obras de infraestrutura e preparação de arenas para a competição. ?Desde a fundação, o BNDES sempre apoiou empreendimentos voltados ao desenvolvimento do país. A Copa do Mundo é um deles. Pensamos nessa linha de crédito, mas dependemos de uma resolução que deve ocorrer em breve?, disse Rodolfo Torres, gerente do departamento de desenvolvimento urbano e regional do banco, em evento promovido em São Paulo para debater a competição. O BNDES deve criar duas linhas diferentes de crédito para 2014: uma delas, de R$ 4,8 bilhões, para intervenções em estádios (R$ 400 mil para cada sede); outro modelo será aplicado nas obras de infraestrutura, variável de acordo com o setor. Os valores cobrados pelo banco sobre empréstimos diretos são calculados a partir de três variáveis. São consideradas a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que atualmente é de 6% ao ano, além de uma remuneração básica e uma taxa de risco sobre inadimplência. A remuneração básica pode oscilar entre 0% e 1,8%, de acordo com a import”ncia do setor. A taxa de risco, por sua vez, é calculada a partir de um estudo sobre o tomador do empréstimo e pode variar de 0% a 3,57%. Nas obras de infraestrutura, por exemplo, a menor remuneração básica aplicada é para obras de energia, que trabalha com 0,9%. ?Esse valor varia de acordo com a import”ncia do setor para a economia, e a energia é a base para tudo?, explicou Torres. A expectativa do BNDES é que as intervenções em arenas para a Copa do Mundo de 2014 trabalhem com esse mesmo patamar. Entre as 12 cidades que sediarão jogos da Copa do Mundo de 2014, apenas oito usarão financiamentos do BNDES (Curitiba, Fortaleza, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). As restantes terão intervenções em estádios custeadas inteiramente pelos cofres estaduais. As cidades com estádios públicos devem trabalhar com uma taxa de risco de 1%, padrão adotado pelo BNDES para empréstimos a esse setor. A principal dúvida, portanto, é a última variável que será aplicada às três arenas particulares que tomarão empréstimos (Curitiba, Porto Alegre e São Paulo). ?Mas tudo isso ainda precisa ser referendado pelo CMN?, lembrou Torres. Responsável por regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras e disciplinar os instrumentos de política monetária e cambial, o órgão pode alterar drasticamente (ou até vetar) o modelo previsto pelo BNDES. Ainda não existe uma previsão sobre data para o CMN se posicionar. Recentemente, o ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior (PCdoB-BA), transmitiu às cidades um recado da Fifa: aquelas que não iniciarem obras de estádios até março do ano que vem serão excluídas do Mundial.

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