COI impõe regra contra discriminação gay em Olimpíada

Yelena Isinbayeva, que defendeu a lei antigay

Após polêmica por conta da lei antigay da Rússia durante os Jogos de Inverno de Sochi, em fevereiro, o COI (Comitê Olímpico Internacional) resolveu agir e impor uma nova regra para evitar problemas futuros. 

“O novo artigo, contra a discriminação  para os Jogos Olímpicos e seus participantes, está agora incluído no contrato para a sede [dos Jogos de Inverno] de 2022. Ela é baseada no princípio fundamental 6 da Carta Olímpica”, informou o COI à Máquina do Esporte, através de sua assessoria de imprensa. 

A regra citada pelo COI afirma que “qualquer forma de discriminação em relação a um país ou pessoa por motivos de raça, religião, política, sexo ou outras formas é incompatível com o Movimento Olímpico”.

Às vésperas dos Jogos de Inverno de Sochi, 12 competidores pediram às autoridades russas que reconsiderassem a legislação local, que proibia a “propaganda gay” para menores de 18 anos. A lei gerou uma onda de ataques homofóbicos. Os atletas também criticaram o COI e os patrocinadores olímpicos por não forçar o governo de Vladimir Putin a voltar atrás na legislação.

Uma das defensoras da lei russa foi Yelena Isinbayeva, recordista mundial do salto com vara, que se envolveu em polêmica com a comunidade gay. “Vivemos com homens ao lado de mulheres e mulheres ao lado de homens. Tudo deve ser assim. Nunca tivemos problemas assim na Rússia. E não queremos ter problemas assim no futuro”, afirmou a saltadora. 

Outros ex-atletas olímpicos apoiaram o manifesto, como Andy Roddick e Martina Navratilova (tênis), e Greg Louganis (saltos ornamentais).

Em maio, mais de 80 mil pessoas assinaram petição pedindo ao COI para incluir a cláusula no contrato olímpico com as próximas cidades anfitriãs.

Segundo o COI, o problema será mais discutido na Assembleia Geral da entidade, em 2020, que “irá moldar o futuro do Movimento Olímpico”. “A Carta Olímpica é muito clara ao dizer que não pode haver nenhuma forma de discriminação durante os Jogos, e nós trabalhamos para ter certeza de que esse princípio seja respeitado continuamente, em cada edição dos Jogos Olímpicos”, afirmou o comitê. 

Questionado qual a avaliação do COI sobre os problemas enfrentados em Sochi, o comitê não se pronunciou. 

Para a Olimpíada de Inverno de 2022, a primeira com a nova regra, a cidades concorrentes são Oslo (Noruega), Almaty (Cazaquistão) e Pequim (China).

Há um risco de problemas no ar. Anfitriã dos Jogos de Verão de 2008, a capital chinesa enfrentou fortes protestos de organizações defensoras dos direitos humanos, como a Human Rights Watch. Já o Cazaquistão é outro alvo dessas entidades.

A iniciativa do COI fecha o cerco em relação à Fifa e às sedes das próximas edições da Copa do Mundo. A Rússia, mesmo país que enfrentou críticas por conta das limitações impostas em Sochi, será a sede do Mundial de 2018. Em 2022, o torneio será disputado no Qatar, onde o homossexualismo é ilegal. 

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