Em outubro, o Houston Rockets e a NBA. No início desta semana, o meia alemão Mesut Özil e o Arsenal. Agora, nesta quinta-feira (19), o governo e o sistema político da China se tornaram protagonistas de mais uma polêmica com o mundo esportivo: o Colônia, tradicional clube alemão que disputa a Bundesliga, desistiu dos planos de montar uma escolinha de futebol da equipe no país asiático.
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De acordo com a imprensa europeia, o clube decidiu tomar uma posição política e rescindiu um contrato de € 1,8 milhão para administrar uma academia de futebol em território chinês. O motivo: a “ditadura brutal e totalitária” e os “abusos dos direitos humanos” vistos no país, segundo Stefan Müller-Römer, ex-presidente e atual membro do conselho do clube.
Foto: Reprodução / Site (fc.de)
“Eu entendo que a Alemanha não pode sobreviver completamente sem a China e que há uma troca entre os dois países, mas não precisamos da China no esporte e eu apoio isso. Na China, os direitos humanos estão sendo amplamente desconsiderados. Um estado completo de vigilância está sendo construído, um pior do que George Orwell poderia ter imaginado. Acompanho os desenvolvimentos na China há mais de 20 anos e já estive lá várias vezes. Sei do que estou falando e é por isso que sou da opinião de que o Colônia não deve estar ativo lá. Ganhar dinheiro a qualquer custo não é uma opção para mim. Além do fato de que é questionável se é possível ganhar dinheiro lá, há coisas mais importantes que dinheiro. E como uma organização sem fins lucrativos, socialmente ativa, não podemos apoiar uma ditadura tão brutal e totalitária”, afirmou o conselheiro, em entrevista ao jornal local Kölner Stadt-Anzeiger.
As situações envolvendo a China que ocorreram em pouco mais de dois meses devem respingar até no órgão que comanda o futebol mundial. Segundo o site Inside World Football, a busca do presidente da Fifa, Gianni Infantino, por mais dinheiro chinês para alavancar o programa comercial e o faturamento da entidade deverá ser afetada por conta de clubes e jogadores que estão deixando cada vez mais claras posições morais e políticas opostas às do país.
Além disso, as críticas em sequência podem melar a intenção da China de sediar a Copa do Mundo de 2030. A publicação afirma que, se aprovada, a candidatura teria tudo para obter êxito, já que contaria com o apoio de Infantino. No entanto, a Fifa já estaria revendo essa posição. Após o escândalo do Fifagate envolvendo corrupção e subornos nos votos que definiram a Rússia como sede do Mundial em 2018 e o Qatar em 2022, tudo que Infantino menos quer é ver a entidade envolvida em mais uma questão de integridade moral que deixaria a Fifa em situação bastante desconfortável e até constrangedora.