Com Botafogo, clube-empresa ganha força em Brasília

A terceirização da gestão do Botafogo fez reacender em Brasília o debate sobre a criação de uma lei que facilite a transformação de clubes em empresas. Na última terça-feira (30), Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, esteve na CBF para entender melhor o modelo adotado pelo clube. 

Torcedor botafoguense, Maia voltou da ida ao Rio de Janeiro empenhado em levar a Brasília um projeto para incentivar os clubes a virarem empresas.

“Temos que estimular o clube-empresa, criar alguma estrutura. Eu tenho pensado nisso, junto com alguns deputados, de estimular que os incentivos tributários que um clube associativo tem hoje sejam transferidos para um clube-empresa”, afirmou Maia, pouco depois do encontro com os dirigentes na CBF.

Rodrigo Maia esteve presente na sede da CBF para conversar com os dirigentes no dia da apresentação da sueca Pia Sundhage como técnica da seleção feminina (Foto: Rener Pinheiro / MoWA Press)

O parlamentar chegou a falar até na possibilidade de um parcelamento de dívidas, além de incentivos para que seja mais vantajoso a um clube se transformar em um clube-empresa. Aí entra uma vontade de setores do governo federal, inclusive. O objetivo seria transformar o futebol, que tem ampla repercussão com a população e a imprensa, em um exemplo de empreendedorismo para o país.

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O posicionamento do político deixou o mercado esperançoso de que finalmente saia do papel a lei para que os clubes tenham gestão empresarial. O Athletico Paranaense é um dos que mais defende a mudança na lei. O clube tem negociada a entrada de um grupo de investimento chinês, caso o modelo empresarial avance.

“Tem duas formas de se capitalizar uma empresa. Uma é via empréstimo, e outra é via participação. As associações civis só têm a possibilidade de se capitalizar via empréstimo, contraindo dívidas. A partir do momento que elas viram sociedades empresárias, podem vender participação e, assim, ter acesso a capital”, explicou o advogado André Sica, sócio da CSMV Advogados, escritório que fez o processo de fusão do Red Bull com o Bragantino e é especializado em direito desportivo.

Foto: Reprodução

De acordo com Sica, o desenvolvimento do modelo de clube-empresa pode levar a uma melhora na gestão do futebol brasileiro como um todo.

“Além do acesso ao capital, você tem formas de controle e compliance muito maiores para as sociedades empresariais. Isso muda a forma de gestão e como essas sociedades são controladas, o que também permite maior acesso ao capital”, complementou.

Enquanto a lei não muda, o Botafogo segue com o projeto de terceirização de sua gestão. No cenário atual, porém, terá de pagar mais impostos para fazer isso.

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