Com mercado em mutação, marcas se apropriam de bicicletas

Simbolizada pelos 260 km de ciclovia construída nos últimos anos em São Paulo, as cidades brasileiras têm, cada vez mais, se atentado à importância da bicicleta nos planos de mobilidade urbana. De olho nesse mercado, empresas de automóveis têm tentado se aproximar dessa nova realidade, mesmo que os números ainda não correspondam à iniciativa.

Nesta terça-feira (31), a Chevrolet anunciou que a bicicleta da marca já está disponível nas concessionárias. O objeto já virou até item de série de um carro, caso da Tracker. Separadamente, ele vale R$ 3.499.

Em nota, o diretor de marketing da Chevrolet, Samuel Russell, justificou a iniciativa: “A Chevrolet apoia o movimento de mobilidade sustentável como complemento à utilização dos carros da marca e queremos também estar presentes em momentos relevantes da vida de nossos clientes, como durante a pratica de esportes ou de lazer”.

Em 2014, a Volkswagen já havia lançado uma bicicleta no Brasil. No exterior, onde o mercado já está mais estabelecido, esse movimento já era feito por marcas como Audi, Porsche e BMW. Por esses lados, no entanto, ainda pairam dúvidas sobre o transporte alternativo.

Segundo dados da Associação dos Fabricantes de Bicicleta (Abraciclo), o mercado de bicicleta no Brasil teve queda de 10% no último ano, tanto em produção quanto em venda. As vendas, que chegaram a 5,5 milhões em 2008, ficaram em 3,9 milhões em 2013. As importações tiveram leve alta, após dois anos de queda.

Com as bicicletas em alta nas grandes cidades, os números não têm assustado o mercado, tanto daqueles diretamente envolvido quanto para as marcas que têm focado na comunicação com ciclistas. E isso acontece porque há uma mudança de público.

Em conversa com a Máquina do Esporte, o presidente da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) explicou a situação: “A maior parte do consumo de bicicletas no Brasil é de pessoas de baixa renda, em campos rurais ou em cidades industriais. Mas esse público tem tido uma renda maior, então ele passa a buscar a motocicleta. É o movimento contrário das grandes cidades”.

Com público diferente, as bicicletas premium ganham destaque. Nos últimos cinco anos, bicicletas que custam mais de R$ 3 mil tiveram um aumento de 100% nas vendas. Nesse segmento, o Grupo Claudino lançou a marca Audax há um mês. Na época, o presidente da empresa, João Claudino Júnior, foi taxativo: “Precisamos e acreditamos nas políticas públicas para bicicletas”.

E há exemplo para não haver desânimo: Londres. A capital britânica começou a investir pesado no uso de bicicleta há cerca de dez anos. Segundo uma pesquisa realizada em 2012, o uso do veículo subiu 110% nesse período. E o mercado de bicicleta dobrou nesse período.

“Há uma expectativa muito positiva. O Brasil tem uma enorme demanda reprimida por bicicletas”, finalizou Maciel. 

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