As constantes desavenças entre Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, e Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo, têm minado a atuação do G4, entidade composta por ambas as equipes, mais Palmeiras e Santos. Como a rivalidade é acirrada publicamente, inclusive pelo marketing dos dois times, o grupo implodiu.
Um dos críticos do confronto entre Sanchez e Juvêncio é outro componente do órgão paulista. Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, presidente do Santos, já afirmou publicamente que o G4 só não gera os resultados que se espera dele pois os parceiros não se entendem. Essa inimizade, diz ele, está impedindo novos negócios.
No ano passado, houve reuniões mensais entre os presidentes das quatro equipes paulistas que integram a elite nacional, mas os encontros foram significativamente reduzidos nesta temporada. As negociações feitas pela entidade, por outro lado, também caíram. “O G4 não andou um milímetro neste ano”, diz fonte ligada ao grupo.
O problema é admitido por José Carlos Peres, diretor-executivo do órgão. “Os dois deveriam estar mais unidos, para que a gente fizesse mais negócio, e eles sabem que atrapalham com essas confusões”, afirma o dirigente. A falta de unidade entre os clubes, ilustrada pelo confronto entre presidentes, é sentida em tratativas.
Quando Peres visita companhias para tratar de patrocínios coletivos a Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo, relata ele, muitos executivos dizem que nem sequer sabiam que a entidade existia. “As empresas me perguntam se o G4 realmente existe, e quando explico o que fazemos, eles ficam bastante surpresos”, conta.
Após cerca de dois anos de atuação, a entidade paulista conseguiu resultados escassos. A principal conquista é o patrocínio da Femsa ao quarteto, distribuidora das marcas Coca-Cola e Kaiser no Brasil. A Caixa Econômica, que pretende fazer “raspadinha” dos clubes, viu o negócio emperrar por conflitos jurídicos com a Timemania.
Movimentos unilaterais também prejudicam negociações. No último ano, o G4 conversava com instituições financeiras para conseguir aporte coletivo, inclusive com inserção de logotipo nos calções. O Banco do Brasil chegou a se aproximar do acerto. Mas a chegada individual do BMG a Palmeiras, Santos e São Paulo destruiu os planos.
“A partir do momento em que os times nem mesmo põem o banner do G4 nos sites oficiais, eu fico inofensivo”, acrescenta Peres, que se diz cansado da falta de união entre os clubes e das brigas entre Sanchez e Juvêncio. “É óbvio que, quando alguém vai investir e vê um falar mal do outro, gera insegurança”, completa.
Além da desunião entre clubes, ainda há falta de consenso dentro das próprias equipes. O São Paulo, desde o início, está rachado em relação à participação no órgão. Um grupo de dirigentes, liderado pelo atual diretor de futebol, Adalberto Baptista, é favorável ao G4, enquanto outra ala são-paulina diz que já previa o fracasso desde o princípio.
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