Contra vexame olímpico, Ministério investe em laboratório antidoping

Ricardo Leyser, secretário de Alto Rendimento

A menos de dois anos da Olimpíada do Rio de Janeiro de 2016, o Brasil pode ser a primeira sede dos Jogos (de inverno ou verão) a não contar com um laboratório de controle de doping credenciado pela Wada (Agência Mundial Antidoping), desde que a entidade foi instituída, em 1999. Para evitar esse vexame, o Ministério do Esporte faz investimentos pesados para obter o recredenciamento do LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem).

O laboratório, vinculado à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), perdeu a certificação da Wada em agosto de 2013, após errar em testes periódicos.

“Liberamos R$ 110 milhões para a construção de um novo prédio. Também foram investidos R$ 30 milhões em equipamentos”, conta Ricardo Leyser, secretário de Alto Rendimento do Ministério do Esporte.

O processo de certificação já passou pela primeira etapa, e a expectativa é que o credenciamento esteja finalizado até meados de 2015, estando apto, portanto, para ser o laboratório oficial do Brasil na Olimpíada.

O novo laboratório será capaz de fazer os mais avançados testes antidoping, como o de controle sanguíneo e o passaporte biológico, em que os parâmetros testes dos atletas são arquivados, aumentando a probabilidade de descoberta de discrepância de resultados.

Além do credenciamento, há outra questão importante pendente em relação ao antidoping no país. É necessário definir qual será o modelo de administração a ser seguido pelo país. Normalmente, o laboratório oficial trabalha independente da agência nacional antidoping. As exceções são Portugal e Espanha, em que agência e laboratório trabalham conjuntamente.

“Ainda estamos estudando qual é o melhor sistema para o nosso caso. Talvez, por proximidade cultural, seja adotar esse sistema dos latinos”, afirma Leyser, referindo-se ao trabalho da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem). 

A ideia não é aprovada por todos que cuidam do antidoping no país. “Me parece que o melhor sistema é que laboratório e agência façam trabalhos independentes, que não haja ingerência de um no outro”, afirma Thomaz Mattos de Paiva, presidente da Conad (Comissão Nacional Antidopagem) da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo).  

Sair da versão mobile