Contratação de técnico vira ato político em Boston

Era só a apresentação de um técnico, mas a origem de Alex Cora, o novo ‘manager’ do Boston Red Sox, se tornou um posicionamento político do tradicional time de beisebol. Ele será o primeiro comandante do time que não é branco; o primeiro latino a comandar a equipe da MLB em 117 anos de história.

O problema está na história racista do Boston Red Sox. O time foi o último da MLB a aceitar jogadores negros em sua equipe após o término da segregação racial nos Estados Unidos, na década de 1960. Ainda neste ano, um torcedor foi expulso do Fenway Park, o estádio da equipe, por insultos raciais.

Na apresentação do técnico, o CEO do Red Sox, Sam Kennedy, tentou evitar o assunto, mas admitiu a importância da contratação frente ao “passado vergonhoso da franquia em relação às questões raciais”.

O Boston Globe, maior jornal da cidade, destacou a presença de um técnico latino no time. Segundo a publicação, o Red Sox é o 26º time dos 30 da MLB a ter um treinador de minoria nos Estados Unidos. A publicação ressaltou que a equipe ainda é marcada pela intolerância racial no século XX.

O caso ganha mais peso pela posição progressista e liberal que Boston mantém nos Estados Unidos. A cidade alimenta ampla receptividade a imigrantes, muitos latinos. E a identificação com o partido democrata é tamanha que há até a estátua de um burro, símbolo do grupo, na porta da antiga prefeitura.  

Cora não polemizou sobre o caso, mas se apresentou com uma enorme bandeira de seu país, e ressaltou o peso do beisebol para o povo de Porto Rico. “Eu vejo que sou um cara capaz e, sim, eu conheço a história desse jogo”, salientou.

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