“Esse é um projeto que tem seu início agora, mas é um trabalho de longa duração. A CAN foi apenas o começo de um projeto de 15 anos”. A frase é de Henri Ohayon, diretor geral da Agência Nacional de Grandes Trabalhos (ANGT) do Gabão.
Ela sintetiza o que significou para o país africano ser uma das sedes da edição de 2012 da principal competição entre seleções do continente (Guiné Equatorial também recebeu partidas do torneio encerrado no último dia 12).
A necessidade de o Gabão se preparar para abrigar os jogos da CAN fez também com que o país usasse o torneio como pretexto para mudar a mentalidade da população e iniciasse um processo para tentar melhorar as condições econômicas e sociais do gabonesas.
“Em 15 anos, poderemos dizer: “Sim, nós somos”, e não “Sim, nós podemos”, como foi agora com a CAN”, resume Ohayon.
O governo do Gabão montou um projeto denominado Gabão Emergente para fazer com que o país diminua a dependência do petróleo como fonte de receita e consiga ao mesmo tempo melhorar as condições de vida da população.
Atualmente, o Gabão tem 80% de sua economia baseada na exportação de petróleo, com uma renda per capita de US$ 11 mil. Apesar disso, o país ocupa a modesta 106ª colocação no Índice de Desenvolvimento Humano medido pela Unesco.
Apenas neste ano, US$ 1,3 bilhão será investido na construção de casas, hospitais e na melhoria da infraestrutura de transportes. A primeira região a receber esses investimentos é justamente aquela em que está o Estádio da Amizade, construído pela multinacional Bechtel especificamente para a CAN. O local receberá o primeiro bairro planejado da cidade de Libreville, capital gabonesa.
Ao todo, o custo para a realização da Copa Africana de Nações foi de US$ 500 milhões, de acordo com Ohayon.
“A CAN trouxe para nós a obrigação de o Gabão continuar a fazer as coisas e acreditar que é possível emergir. Não podemos parar. É o começo de uma nova geração, de uma nova mentalidade”, diz o executivo.
Nos próximos quatro anos, o Gabão deverá investir em hospitais, moradias e infraestrutura de transporte. A ideia é fazer com que, dessa forma, o país consiga diminuir o déficit de desenvolvimento em relação a outras nações do continente, especialmente a África do Sul.
* O repórter viaja a convite do Gabinete da Presidência do Gabão